Josias: Bolsonaro ficou decepcionado com carta de Milei a Lula, diz aliado

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou “muito decepcionado” com a carta do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, ao presidente Lula (PT), afirmou um parlamentar bolsonarista ao colunista do UOL Josias de Souza.

Bolsonaro ficou muito decepcionado com a carta do Milei ao Lula e disse para esse parlamentar que foi um erro do Milei. Bolsonaro já percebeu que o radicalismo do Milei não é tão ‘imbrochável’ quanto o dele.

A importância dessa carta é para mostrar que o Milei, que prevaleceu na campanha informando aos eleitores que detesta a realidade, está percebendo que a realidade é o único lugar que 40% de argentinos empurrados para miséria podem conseguir três refeições por dia.

A carta do Milei, que faz acenos ao Lula de cooperação e o convida para a posse, vale por uma caída em si. É a primeira caída em si, por escrito, em um documento entregue em mãos. A carta é muito delicada e muito realista, deixa claro que não há como Brasil e Argentina deixarem de cooperar no campo comercial e no campo diplomático.
No UOL News da manhã de hoje, o colunista avaliou que a ida do presidente brasileiro à posse de Milei não é a melhor opção.

Eu não iria. O risco de ser hostilizado é grande e a presença de Bolsonaro com um grande séquito não recomenda essa cerimônia. Manda uma delegação qualificada.

O presidente vai, certamente, considerar a hipótese. O Itamaraty está levando a carta para ele, não deu tempo de entregar ainda, e deve receber hoje.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

UOL

Postado em 28 de novembro de 2023

Milei suaviza tom com China e agradece Xi Jinping por carta enviada para parabenizar vitória

O presidente da China, Xi Jinping, enviou uma mensagem de felicitação a Javier Milei pela vitória na eleição argentina e expressou sua disposição a trabalhar com ele para “impulsionar a amizade e a cooperação entre os dois países”. Como reação, o líder argentino respondeu publicamente em tom conciliatório, contrastando com a retórica demonstrada em relação a Pequim durante a sua campanha.

Xi destacou em sua mensagem que a cooperação prática em diversos campos “trouxe benefícios tangíveis aos dois povos”. “Dou um grande valor ao desenvolvimento das relações entre China e Argentina e estou disposto a trabalhar com Milei para impulsionar o desenvolvimento e o rejuvenescimento de ambos os países mediante a cooperação”, escreveu na carta enviada na terça-feira, 21.

Milei publicou uma imagem da tradução da carta enviada pelo líder chinês na rede social X (antigo Twitter). “Agradeço ao Presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou através da sua carta”, respondeu. “Envio-lhes os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China”, acrescentou.

Agradezco al Presidente Xi Jinping las felicitaciones y los buenos deseos que me ha hecho llegar a través de su carta. Le envío mis más sinceros deseos de bienestar para el pueblo de China. pic.twitter.com/p67iaFc69L

— Javier Milei (@JMilei) November 23, 2023
As relações entre a China e a Argentina não passam por bons momentos. Durante sua campanha, Milei chegou comparar o governo chinês a um “assassino” e declarou que o povo chinês “não é livre”. O economista que se autoproclama libertário também afirmou que queria encerrar as relações comerciais com o gigante asiático por motivos fundamentalmente ideológicos. “Não fazemos pactos com comunistas”, disse Milei.

O presidente eleito também se opôs à entrada da Argentina no Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), conseguida este ano sob o mandato do atual presidente, Alberto Fernández.

Mas o encontro com a realidade econômica do seu país, vista desde dentro do governo, pode frear os impulsos do recém-eleito presidente. Segundo dados oficiais da Argentina, no ano passado, as exportações para a China atingiram a cifra expressiva de mais de US$ 8 bilhões, enquanto as importações alcançaram a marca de US$ 17 bilhões.

Além desse notável desempenho comercial, empresas chinesas possuem uma ampla influência nas indústrias de infraestrutura e mineração no país sul-americano, e na segunda metade deste ano Pequim consolidou sua posição como credor da Casa Rosada ao oferecer créditos de swap em yuan – recursos imprescindíveis para os argentinos e que foram direcionados para saldar obrigações como o empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras pendências oficiais. Este intricado relacionamento financeiro entre as duas nações destaca a crescente interdependência e a relevância estratégica dessa parceria econômica.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse na segunda-feira que Pequim quer “trabalhar com a Argentina para continuar a amizade” entre os dois países e para uma “cooperação onde todos ganham”.

“A China sempre atribuiu grande importância ao desenvolvimento das relações entre a China e a Argentina, numa perspectiva estratégica e de longo prazo”, afirmou. Mao lembrou que “a China é o segundo maior parceiro comercial da Argentina e o principal mercado de exportação de seus produtos agrícolas”.

Pequim e Buenos Aires mantiveram boas relações nos últimos anos: a Argentina aderiu no ano passado à Iniciativa do Cinturão e Rota, principal iniciativa econômica internacional da China para consolidar sua influência por meio de infraestrutura, embora ainda não esteja claro se o país continuará fazendo parte disso na nova gestão.

Em outubro, a Argentina foi um dos países convidados no recente fórum sobre a Nova Rota da Seda promovido pela China – programa massivo de investimentos e infraestrutura que reflete a ambiciosa busca de Xi Jinping novos aliados globais que impulsionem o crescimento da nação na corrida econômica para superar aos EUA como superpotência.

No evento, realizado Pequim, o presidente Alberto Fernández, que se despede da Casa Rosada, elogiou a China e qualificou a nação como “irmã”. Fernández ainda lembrou a importância do apoio financeiro fornecido pela China em momentos desafiadores, durante as negociações com o FMI. “[O país] veio em nosso auxílio financeiro quando a pressão do Fundo Monetário Internacional nos colocou em xeque”, disse ele em um discurso.

Relações com o Brasil
Brasil é o segundo maior aliado comercial da Argentina, depois do gigante asiático. Contudo, as relações entre Buenos Aires e Brasília foram bastante conturbadas nos últimos meses. O líder da coalizão A Liberdade Avança já chamou o petista de “corrupto” e também negou ter disposição para se encontrar com Lula após vencer nas eleições contra Sérgio Massa.

Durante a campanha, Milei recebeu apoio do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e do filho Eduardo, que foi a Buenos Aires no primeiro turno. Enquanto marqueteiros do presidente Lula prestaram apoio ao ministro da Economia argentino durante sua campanha.

Com a vitória de Milei, Lula desejou “sorte e êxito ao novo governo” e acrescentou que o “Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”, mas não mencionou o nome do libertário. Mas o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, afirmou nesta segunda-feira, 20, que o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, deveria ‘pedir desculpa’ ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por tê-lo ofendido de “forma gratuita”.

Recentemente, o tom de Milei e sua equipe parece ter mudado. A futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, declarou que gostaria que o Presidente Lula viesse para a cerimônia. “Vamos convidar Lula para vir à posse”, disse ela. O evento oficial deve ocorrer em 10 de dezembro. Diana Mondino complementou afirmando que “o Brasil e a Argentina sempre estiveram juntos e sempre trabalharão juntos”.

Estadão

Postado em 28 de novembro de 2023

Bolsonarista festeja indicação de Gonet à PGR: ‘Sempre foi conservador’

Os senadores bolsonaristas não devem criar problemas para a nomeação de Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República.

A previsão é da deputada Bia Kicis (PL-DF), que festejou a escolha anunciada nesta segunda-feira pelo presidente Lula.

— Gonet é um procurador muito técnico e respeitado no meio jurídico. Pelo que conheço dele, vai atuar sempre prestigiando a lei e a Constituição — elogia.

Em 2019, Kicis tentou convencer o aliado Jair Bolsonaro a nomear Gonet para a PGR. Além de levá-lo ao Alvorada, tuitou que o procurador era um “conservador raiz”. Ele foi preterido por Augusto Aras.

— Mantenho o que escrevi. Conheço Gonet desde a faculdade, e ele sempre foi católico e conservador — reforça.

Nas últimas semanas, os elogios da deputada bolsonarista foram usados por setores da esquerda para tentar dissuadir Lula da escolha.

Kicis diz que não se importou com a campanha (“foi uma arma que eles usaram”) e defende que os senadores de direita votem a favor da indicação de Lula.

— Quem quer segurança jurídica e respeito à lei não tem por que não apoiar o nome dele — afirma.

No passado, Gonet mostrou suas credenciais conservadoras na Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos.

O procurador votou contra a responsabilização do Estado pela morte de opositores da ditadura militar, como a estilista Zuzu Angel e os guerrilheiros Carlos Lamarca e Carlos Marighella.,

GLOBO

Postado em 28 de novembro de 2023

IA pode prever a sobrevida de pacientes com câncer de intestino com até 80% de precisão, revela novo estudo

Pesquisadores descobriram que modelos baseados em inteligência artificial (IA) são capazes de predizer com quase 80% de exatidão as taxas de morte e sobrevida de pacientes com câncer colorretal. Este tipo de doença é um dos mais incidentes no mundo, com quase 2 milhões de novos casos ao ano.

No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam o surgimento de 44 mil novos casos anuais, sendo 70% nas regiões Sudeste e Sul. Os autores da pesquisa acreditam que os resultados indicam que essas ferramentas podem ser úteis para o planejamento e a avaliação dos serviços de saúde, bem como para orientar protocolos de encaminhamento.

A Inteligência Artificial vêm sendo cada vez mais utilizadas para prever taxas de mortalidade e sobrevivência por sua capacidade de se aprimorar automaticamente, sem a necessidade de programações constantes. O estudo foi realizado com informações não identificadas sobre condição socioeconômica, características clínicas e de atendimento e sobrevida de 31.916 pacientes de câncer colorretal atendidos em mais de 70 hospitais do Estado de São Paulo entre 2000 e 2021. Os registros pertencem ao Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo (RHC-SP), gerido pela Fundação Oncocentro do Estado de São Paulo (Fosp).

O estudo ainda é apoiado pela FAPESP no âmbito do projeto “Controle do Câncer no Estado de São Paulo (ConeCta-SP): do conhecimento à ação”, que projeta estratégias para controlar a doença em curto espaço de tempo, foi um dos primeiros a realizar a predição da sobrevida de pacientes com câncer com base em um grande banco de dados usando IA e a verificar a validade desses modelos no Brasil.

De acordo com os autores, o estudo tem potencial para ser o primeiro de muitos que permitirão a simulação de cenários e impactos na sobrevida de pacientes de câncer. Com as informações obtidas, melhores decisões clínicas e de gestão em saúde pública poderão ser tomadas.

“Foi possível obter os dados dos pacientes mais importantes para as previsões – colocados como entradas para a IA –, permitindo um melhor entendimento do tamanho do impacto dessas informações e a validação com o conhecimento já difundido na área”, afirma Lucas Buk Cardoso, pesquisador do Núcleo de Sistemas Eletrônicos Embarcados (NSEE) do Instituto Mauá de Tecnologia e principal autor do estudo.

“Esse tipo de avaliação pode indicar modelos que servirão como instrumentos para a tomada de decisão dos gestores em momentos de potencial disrupção nos serviços de saúde, como acontece em pandemias, por exemplo”, explica Tatiana Toporcov, professora da FSP-USP e coautora do artigo.

Folha SP

Postado em 28 de novembro de 2023

Lula ignora diversidade de gênero, e STF deve ter 10 homens e 1 mulher

Ao indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga de Rosa Weber no STF (Supremo Tribunal Federal) o presidente Lula reduz a representação feminina na corte, que passa a ter apenas uma mulher dentre seus 11 integrantes, a ministra Cármen Lúcia.

A escolha foi anunciada nesta segunda-feira (27). A indicação deve ser avaliada pelos senadores ainda neste ano, antes do início do recesso.

Cármen foi indicada pelo petista em 2006, a escolha mais demorada de seus dois primeiros mandatos. Naquela ocasião, Lula fez movimento oposto ao de agora, ampliando a presença de ministras com uma escolhida para assumir a cadeira deixada pelo ministro aposentado Nelson Jobim.

Desde o primeiro semestre, o presidente sofreu pressão de movimentos de esquerda pela indicação inédita de uma ministra negra ao Supremo e para manter a cadeira de Rosa com uma mulher.

Lula, porém, não cedeu aos apelos, assim como fez no primeiro semestre, quando optou por Cristiano Zanin, seu defensor nos processos da operação Lava Jato, a quem chamou de amigo.

Antes de decidir pelo nome de Dino, o presidente já havia dito que gênero e cor não seriam critérios para a indicação.

Com isso, a representação feminina na corte suprema fica em 9%, a segunda pior na América Latina, atrás apenas da Argentina, que não tem ministras mulheres.

“Vemos como um retrocesso sem precedente, principalmente porque esse presidente fez toda a sua campanha com a bandeira de inclusão. É preciso lembrar que ele subiu a rampa com negros, crianças, pessoas trans, indígenas e quando tem a caneta na mão se posiciona de modo adverso, como se fosse outros governos ali que não tinham nenhum compromisso com essas pautas”, diz Estevão Silva, presidente da Anan (Associação Nacional da Advocacia Negra).

O advogado afirma ainda que a vaga destinada a Dino tem sido ocupada por uma mulher desde o ano 2000, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso indicou a primeira mulher ao Supremo, a ex-ministra Ellen Gracie, cadeira assumida por Rosa Weber em 2011, única mulher das cinco indicações feitas por Dilma Rousseff.

Tainah Pereira, coordenadora política do movimento Mulheres Negras Decidem, que em maio fez uma primeira lista de nomes para o Supremo, afirma que a escolha decepciona, mas não surpreende pois Lula nunca recebeu juristas negras e lideranças do movimento negro para discutir a indicação.

“É muito emblemático do quanto é necessária uma compreensão maior por parte de lideranças à esquerda sobre a representatividade em cargos de poder de grupos sociais que historicamente estiveram alijados desses espaços.”

O predomínio masculino e branco tem sido uma marca das indicações petistas, responsável por 7 ministros da atual composição.

Das 9 escolhas que fez em seus três mandatos, incluindo a de Zanin, Cármen Lúcia foi a única mulher indicada por Lula, a segunda a integrar a corte. O presidente também indicou o terceiro ministro negro da do tribunal, Joaquim Barbosa.

“Para ele parece agora que o Supremo é um espaço de exercício de poder por meio de pessoas que tem que ser da sua total confiança. Como o presidente Lula depois de tantas décadas na vida pública não conseguiu estabelecer relação profissional com nenhuma mulher negra da área do direito? Isso é difícil de compreender”, afirma Ivar Hartmann, professor do Insper e doutor em direito público.

Para Lívia Gil Guimarães, doutora pela Faculdade de Direito da USP com uma tese sobre a falta de representação feminina nas cortes superiores, o país perdeu a chance de evitar retrocessos e se reafirmou como uma nação que exclui mulheres.

“Esse panorama é o reflexo de um cenário maior, do descaso do Estado brasileiro em relação à situação de discriminação a que mulheres e meninas são submetidas todos os dias e que pode ser facilmente identificada nos índices de violência, desigualdade salarial e, também, na reduzida participação nos múltiplos espaços do exercício do poder”, diz.

A professora Fabiana Severi, da Faculdade de Direito da USP de Ribeirão Preto, afirma que apesar da escolha de Lula, a mobilização pela indicação de uma mulher negra no STF foi importante e ampliou o debate sobre os motivos pelos quais a diversidade na composição do Judiciário importa.

“É preciso quebrar a maneira de se fazer política para que haja alguém para além do corpo de um homem branco e próximo ao círculo do poder como opção”, diz.

Maria da Gloria Bonelli, professora titular sênior de sociologia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), referência no estudo de gênero e profissões jurídicas, também cita a relevância da mobilização por uma ministra negra e acrescenta que a decisão de Lula reflete ainda a preferência de integrantes do tribunal.

“Sabemos que o nome do Flávio Dino saiu fortalecido de dentro da corte, então não é um assunto que a gente tem que tratar só no âmbito da nomeação por parte do presidente. Temos que fortalecer ainda mais esse movimento perante os setores do STF e segmentos políticos que são partícipes do processo de influenciar a escolha.”

Rubens Glezer, professor da FGV Direito SP e coordenador do grupo de pesquisa Supremo em Pauta, afirma que a principal mensagem deixada com a indicação é a de que as políticas de diversidade ainda são tratadas como favores.

“Não se trata como se tivesse uma obrigação que está sendo quebrada de manter o mínimo de mulheres no STF dada sua relevância para o ambiente de deliberação da corte. É lastimável esse recado que é dado pela cúpula do poder de que se o momento político e econômico não está favorável, se esquece os deveres de inclusão. É um jogo de homem branco”, diz.

A ONG Transparência Internacional publicou em rede social nesta segunda foto da posse em janeiro, na qual Lula esteve representantes de minorias e escreveu a seguinte mensagem: “A diversidade subiu a rampa, mas deu com a cara na porta”.

Estudos indicam que as três únicas ministras do STF tiveram desafios adicionais por serem mulheres, como mostrou a Folha. Um deles, realizado por pesquisadores da UFMG e Insper, concluiu que a probabilidade de ministras serem interrompidas era de 75% a 100% superior à dos ministros.

Apesar da sinalização contrária de Lula, a mobilização do movimento negro se intensificou nos últimos meses, com campanhas que chegaram à Times Square. A fala do presidente evitando se comprometer com uma indicação nesse sentido também foi alvo de críticas.

Pereira, do Mulheres Negras Decidem, afirma que o movimento deve continuar para vagas no TST (Tribunal Superior do Trabalho) e em outras cortes superiores, citando a advogada Vera Lúcia Araújo, como um nome que será apoiado para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Apesar da diminuição da presença feminina, Bonelli, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), chama atenção para o fato de o novo indicado à corte se autodeclarar pardo, assim como o ministro Kassio Nunes Marques na atual composição da corte.

Na eleição de 2014, Dino havia se declarado branco.

“A indicação pelo menos traz uma outra diversidade, embora não tenha sido aquela que nós pleiteamos. Precisamos seguir avançando para que mulheres venham a ocupar outras posições das cúpulas dos tribunais”, diz.

VEJA AS PRÓXIMAS APOSENTADORIAS NO STF
GOVERNO 2027-2030 

Luiz Fux (abr.28)

Cármen Lúcia (abr.29)

Gilmar Mendes (dez.30)

GOVERNO 2031-2034 

Edson Fachin (fev.33)

Luís Roberto Barroso (mar.33)

GOVERNO 2039-2042 

Dias Toffoli (nov.42)

GOVERNO 2043-2046 

Alexandre de Moraes (dez.43)

GOVERNO 2047-2050 

Kassio Nunes Marques (mai.47)

André Mendonça (dez.47)

Folha de SP

Postado em 28 de novembro de 2023

Simone Tebet é cotada para o Ministério da Justiça

A provável indicação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), antecipada pela Folha, abre a disputa pela sucessão para o Ministério da Justiça.

Um dos nomes que emerge entre integrantes do governo é o da atual ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Advogada, ela se formou em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

É especialista em ciência do direito pela Escola Superior da Magistratura e mestre em direito do Estado pela PUC de São Paulo.

A nomeação de Tebet para o cargo ajudaria Lula (PT) a aplacar a contrariedade que deve surgir por não indicar uma mulher para o STF.

Com a saída de Rosa Weber e a entrada de Dino em seu lugar, a Corte terá apenas uma mulher entre seus integrantes, a ministra Cármen Lúcia.

Por outro lado, ganharia uma plataforma poderosa para uma eventual candidatura à Presidência da República, o que pode descontentar o PT.

Há outros nomes sendo cotados para o lugar de Dino.

O ministro Ricardo Lewandowski voltou a figurar na bolsa de aposta. Ele viaja nesta semana com Lula para Dubai, Emirados Árabes, onde participam da COP, e depois para Berlim.

Ex-ministro do STF, ele é muito próximo do presidente e já foi cotado para o cargo no começo do governo.

O senador Jaques Wagner seria outro nome. Ele é amigo pessoal de Lula.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, tem apoio expressivo no PT.

É filiado há 30 anos ao partido, e sua atuação na Operação Lava Jato foi considerada fundamental para que Lula pudesse, enfim, ser solto.

Outra possibilidade é a nomeação do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, para a Justiça.

Ele figurava entre os preferidos de Lula para substituir Rosa Weber no STF. Neste movimento, protagonizado também pelo PT, teria crescido demais para permanecer no mesmo cargo.

Sua indicação para o Ministério da Justiça seria uma compensação política para o grupo que o apoiava. Na própria pasta há candidatos ao cargo.

O secretário-geral da pasta, Ricardo Cappelli, seria uma substituição natural, e teria o apoio do próprio Dino para sucedê-lo.

Folha SP

Postado em 28 de novembro de 2023

Dormiu mal à noite? Apenas 20 minutos de exercício já melhoram seu ânimo e atenção

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Ao acordar após uma noite de sono mal dormida, a última coisa em que você pensa é levantar da cama e ir praticar alguma atividade física. No entanto, um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, apontou que a capacidade de realizar tarefas mentais melhora durante uma sessão de exercícios de intensidade moderada, independentemente do estado de sono da pessoa.

O sono é fundamental para manter um estilo de vida saudável, sendo recomendado aos adultos entre sete e nove horas de descanso por noite. No entanto, análises recentes indicam que 40% da população mundial não dorme o suficiente.

As consequências da privação crônica do sono incluem doenças cardiovasculares, obesidade, distúrbios neurodegenerativos e depressão. No curto prazo, a falta de sono pode reduzir o desempenho cognitivo, o que prejudica a capacidade de atenção, o julgamento e o estado emocional.

O estudo, que teve a contribuição das Universidade de Chichester, Universidade de Surrey, Universidade Teesside, Universidade de Eletrocomunicações de Tóquio, Japão, e Universidade Estadual de São Paulo, descobriu que o desempenho cognitivo melhora durante uma sessão de exercícios de intensidade moderada, independentemente do estado de sono ou dos níveis de oxigênio da pessoa.

“Sabemos por pesquisas existentes que o exercício melhora ou mantém nosso desempenho cognitivo, mesmo quando os níveis de oxigênio são reduzidos. Mas este é o primeiro estudo sugerir que também melhora o desempenho cognitivo após privação total e parcial do sono e quando combinada com hipóxia (quando não chega oxigênio suficiente às células e tecidos do corpo)”, disse Joe Costello, da Escola de Ciências do Esporte, Saúde e Exercício (SHES) da Universidade de Portsmouth, em comunicado. “As descobertas acrescentam significativamente ao que sabemos sobre a relação entre o exercício e estes fatores de estresse, e ajudam a reforçar a mensagem de que o movimento é um remédio para o corpo e o cérebro”.

O estudo, publicado na revista Physiology and Behavior, envolveu dois experimentos, cada um com 12 participantes (24 no total). O primeiro analisou o impacto da privação parcial do sono no desempenho cognitivo de uma pessoa, e o segundo examinou o impacto da privação total do sono e da hipóxia. Em ambos, todos os participantes experimentaram uma melhora no desempenho cognitivo após cerca de 20 minutos de ciclismo.

“Como estávamos encarando o exercício como uma intervenção positiva, decidimos usar um programa de intensidade moderada, conforme recomendado na literatura existente”, acrescentou Costello. “Se o exercício fosse mais longo ou mais difícil, poderia ter amplificado os resultados negativos e se tornado um fator de estresse”.

No primeiro experimento, os indivíduos só podiam dormir cinco horas por noite, durante três dias. Todas as manhãs, eles recebiam sete tarefas para realizar em repouso e depois enquanto andavam de bicicleta. Eles também foram solicitados a avaliar sua sonolência e humor antes de concluir as tarefas.

Os resultados mostraram que os efeitos de três noites de sono parcial nas funções executivas foram inconsistentes. O artigo diz que uma explicação para isso poderia ser que algumas pessoas são mais resistentes a um déficit de sono leve ou moderado. No entanto, independentemente do estado de sono, o exercício de intensidade moderada melhorou o desempenho em todas as tarefas.

No segundo experimento, os participantes passaram uma noite inteira sem dormir e foram então colocados em um ambiente hipóxico (baixos níveis de oxigênio) nos Laboratórios de Ambientes Extremos da Universidade. Apesar da redução dos níveis de oxigênio, o exercício continuou a melhorar o desempenho cognitivo.

Thomas Williams, do Grupo de Pesquisa de Ambientes Extremos da Universidade de Portsmouth e coautor do estudo, explicou por que a equipe decidiu examinar uma combinação de estressores para o estudo:

“A privação do sono é frequentemente experimentada em combinação com outros estressores. Por exemplo, pessoas que viajam para grandes altitudes também são suscetíveis de sofrer uma perturbação nos seus padrões de sono”, detalhou ele, que completou: “Uma hipótese potencial para explicar por que o exercício melhora o desempenho cognitivo está relacionada ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral e da oxigenação, no entanto, nossas descobertas sugerem que mesmo quando o exercício é realizado em um ambiente com baixos níveis de oxigênio, os participantes ainda foram capazes de realizar tarefas cognitivas melhor do que quando em repouso nas mesmas condições”.

O artigo diz que as explicações sobre por que o desempenho cognitivo melhora durante o exercício — mesmo quando uma pessoa está privada de sono e com pouco oxigênio — podem ser alterações na quantidade de hormônios reguladores do cérebro, bem como uma série de fatores psicofisiológicos, incluindo fluxo sanguíneo cerebral, excitação e motivação.

O trabalho sugere que o desempenho cognitivo não depende apenas da área do córtex pré-frontal do cérebro, apesar de desempenhar um papel fundamental no desempenho das tarefas.

“O córtex pré-frontal é altamente sensível ao seu ambiente neuroquímico e altamente suscetível ao estresse”, explicou Juan Ignacio Badariotti, do Departamento de Psicologia da Universidade de Portsmouth, também coautor do estudo, em comunicado. “Regula nossos pensamentos, ações e emoções e é considerado a principal parte do cérebro associada às funções executivas”.

O artigo recomenda uma investigação mais aprofundada para revelar quais mecanismos neurobiológicos estão por trás do processo de função cognitiva. Esta descoberta apoiaria qualquer pessoa que tenha sono interrompido ou pouco oxigênio, incluindo alpinistas e esquiadores, mas também pais de crianças pequenas e trabalhadores noturnos.

Os autores também reconhecem que apenas jovens saudáveis foram incluídos neste estudo e vários indivíduos foram retirados devido a eventos adversos. Eles esperam realizar investigações mais aprofundadas sobre a relação entre desempenho cognitivo e estressores, com uma mistura mais ampla de participantes.

Folha PE

Postado em 28 de novembro de 2023

Com inflamação pulmonar, papa Francisco tem quadro de saúde ‘bom e estável’

O papa Francisco, que está tratando uma inflamação pulmonar, está “bem e estável”, segundo Matteo Bruni, porta-voz da Santa Sé, sala de imprensa do Vaticano, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (27).

“Confirmo que a tomografia computadorizada descartou pneumonia, mas mostrou uma inflamação pulmonar que estava causando algumas dificuldades respiratórias. Para uma maior eficácia do tratamento, procedeu-se a posicionar um cateter venoso para terapia antibiótica intravenosa”, disse o porta-voz.

Segundo o Vaticano, as condições de saúde do líder da Igreja Católica são “boas e estáveis”, não apresentou febre e a situação respiratória está em evidente melhora.

“Para facilitar a recuperação do papa, alguns importantes compromissos previstos para esses dias foram adiados. Outros, de caráter institucional ou mais fáceis de cumprir devido às condições de saúde, foram mantidos”, acrescentou Matteo Bruni.

Na manhã desta segunda-feira (27), papa Francisco recebeu o presidente do Paraguai, Santiago Peña, na residência oficial. O encontro entre os líderes durou cerca de 25 minutos.

Francisco disse que irá aos Emirados Árabes Unidos para a Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP 28) e que fará o seu discurso no sábado (2), conforme previsto.

“Além da guerra, o nosso mundo está ameaçado por outro grande perigo, o das alterações climáticas, que põe em risco a vida na Terra, especialmente para as gerações futuras”, disse o pontífice.

BAND

Postado em 28 de novembro de 2023

O que significa o fim do acordo militar entre as Coreias

Pyongyang envia soldados para reativar postos de vigilância após deixar o pacto firmado em 2018. Provocações deverão aumentar, avaliam especialistas, apesar de acordo ter sido violado constantemente pelo regime de Kim.A Coreia do Norte enviou soldados para a sua fronteira sul para recolocar em funcionamento postos de vigilância que haviam sido desativados no âmbito de um acordo com a Coreia do Sul em 2018, disseram militares sul-coreanos nesta segunda-feira (27/11).

Provocações como essa deverão se repetir nas próximas semanas depois da decisão da Coreia do Norte de abandonar por completo o acordo entre as duas Coreias, destinado a aliviar as tensões fronteiriças.

Na quinta-feira passada, em resposta ao lançamento do primeiro satélite espião por Pyongyang, a Coreia do Sul suspendeu parcialmente o acordo. Já o Norte o abandonou por completo, avisando que “nunca mais voltaria a estar vinculado” a esse acordo.

Analistas afirmaram que a decisão de Pyongyang foi encorajada pela sua nova relação com a Rússia, que, segundo os serviços secretos sul-coreanos, forneceu a ajuda técnica para o lançamento, na terça-feira passada, do foguete norte-coreano que colocou em órbita o satélite espião Malligyong-1, depois de duas tentativas frustradas, em maio e agosto.

A agência de notícias estatal KCNA logo divulgou que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, já recebeu as primeiras imagens do satélite, de bases militares americanas na ilha de Guam, no Pacífico. Segundo a KCNA, o satélite espião também teria capturado imagens de potenciais alvos na vizinha Coreia do Sul, especialmente em áreas onde estão localizadas bases militares dos EUA.

O novo satélite deverá ser usado para monitorar posições militares do lado sul-coreano da Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), uma faixa que divide a península.

A Coreia do Sul havia indicado antes do lançamento que, se a Coreia do Norte ignorasse os apelos internacionais para não lançar o satélite, não teria outra opção a não ser se retirar do acordo de 2018, assinado por Kim e pelo então presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

“O alerta da Coreia do Sul de que poderia suspender o acordo jamais iria dissuadir a Coreia do Norte de lançar um satélite militar”, afirmou o especialista em relações internacionais Leif-Eric Easley, da Universidade Ewha Womans, em Seul.

Pyongyang violou acordo várias vezes

Para ele, a nova situação permite ao governo do presidente Yoon Suk-yeol se afastar de medidas de aproximação adotadas pelo governo anterior da Coreia do Sul e que, na análise do especialista, beneficiaram desproporcionalmente o regime de Kim. “Pyongyang violou o acordo inúmeras vezes”, completou.

Easley avalia que as operações de vigilância com drones que Seul poderia implementar em breve ao longo da DMZ produziriam informações mais úteis do que o rudimentar programa de satélites da Coreia do Norte. Porém, “Pyongyang provavelmente usará voos de drones sul-coreanos como desculpa para novas provocações militares”, ressalvou.

Na quarta-feira passada, poucas horas após o lançamento do satélite espião, o presidente Yoon aprovou a suspensão de uma cláusula do acordo que impunha uma zona de exclusão aérea ao longo da linha de demarcação terrestre e marítima.

A cláusula era impopular há muito tempo entre os militares sul-coreanos porque, na prática, proibia voos de reconhecimento perto da fronteira. Os militares argumentavam que isso reduzia a capacidade da Coreia do Sul de monitorar os movimentos das tropas no norte e de se antecipar e resistir a qualquer ataque repentino.

Coreia do Norte abandonou acordo

Na quinta-feira, a Coreia do Norte dobrou a aposta ao anunciar que estava se retirando totalmente do acordo. Um comunicado do Ministério da Defesa, divulgado pela agência de notícias estatal KCNA, afirma que suas forças “não estarão vinculadas” ao pacto e que todas as medidas militares “serão retomadas imediatamente”. E acrescenta que a Coreia do Sul vai “pagar caro” pela sua decisão de se retirar de parte do acordo.

Já então analistas disseram que uma das primeiras decisões seria a restauração e reocupação de postos de vigilância dentro da DMZ.

Também poderão ser retomados os exercícios de artilharia perto da disputada fronteira marítima ao largo da costa oeste da península, e as manobras de inverno, em dezembro, deverão ser maiores do que nos anos anteriores.

Há também preocupação com o desenvolvimento de armas nucleares por parte de Pyongyang. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que a unidade de pesquisa nuclear norte-coreana de Yongbyon retomou as atividades, e serviços secretos sul-coreanos alertaram que um sétimo teste nuclear subterrâneo poderá ocorrer em 2024.

Ex-agente: Acordo já estava morto

O ex-embaixador e ex-chefe da espionagem sul-coreana Rah Jong-yil declarou à DW que era inevitável que as tensões aumentassem na península assim que o acordo fosse rescindido, mas argumentou que, na prática, o pacto já era letra-morta havia algum tempo. “Eu diria que o fim do acordo em si não é tão significativo, pois o Norte havia repetidamente violado os seus termos nos últimos anos”, observou.

Rah acrescentou que o Ministério da Defesa em Seul listou pelo menos 75 violações do acordo pelo lado norte-coreano desde que foi assinado, a maioria delas voos de drones operados na zona de exclusão aérea ao longo da fronteira, aparentemente com a intenção de testar a capacidade de detecção e resposta da Coreia do Sul.

“E agora que colocaram um satélite de reconhecimento em órbita, pode-se argumentar que grande parte do acordo de 2018 deixou de fazer sentido de qualquer maneira”, acrescentou.

Para ele, é importante prestar atenção aos fortes investimentos em armas pela Coreia do Norte, o que o regime chama de sua “capacidade tridimensional”: armas nucleares, mísseis de longo alcance – incluindo mísseis lançados por submarinos – e armas espaciais. “Esse é o desafio em que devemos nos concentrar agora”, destacou.

TERRA

Postado em 28 de novembro de 2023

Presidente do STF, Barroso elogia indicação de Dino: “Pessoa preparada”

O Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, se manifestou após a indicação de Flávio Dino, pelo presidente Lula. Barroso afirmou que Dino é uma escolha feliz e que o ex-governador do Maranhão é uma pessoa preparada para o STF.

“Eu acho que é uma escolha feliz, de uma pessoa preparada. Eu, pessoalmente, quero muito bem a ele. Portanto, que vejo todas as qualificações do ministro Flavio Dino e que será recebido pelo Supremo com muita alegria, muita cordialidade, como alguém que vai agregar valor.”, declarou Barroso.
Sobre Gonet na PGR, Barroso também teceu elogios ao nome. “Paulo Gonet Branco também é um professor de qualidade, autor de um livro clássico, junto com o ministro Gilmar Mendes, ele foi procurador-geral eleitoral, vice-procurador-geral eleitoral, e eu tenho uma grande condição como presidente do TCE. Somos amigos, quero muito bem a ele. Acho que o presidente também aqui escolheu uma pessoa de alta qualidade, de modo que o país estará bem servido nesses dois postos importantes da República”, disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou as indicações do ministro da Justiça, Flávio Dino ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal e do jurista Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República.

O senador Davi Alcolumbre afirmou a Lula que irá pautar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Senado, as duas indicações ainda neste ano. E garantiu que consegue aprovar os dois nomes. Mas alertou que no plenário a história é outra.

Em caso de aprovação na CCJ, tanto Flávio Dino quanto Paulo Gonet precisarão ser aprovados pela maioria absoluta dos parlamentares no Senado, ou seja, 41 votos favoráveis de 81 senadores.

BAND

Postado em 28 de novembro de 2023

‘Casa, carro, poupança e previdência’, diz Janones em áudio ao cobrar ‘rachadinha’ de assessores

O deputado federal André Janones (AVANTE-MG) solicitou que os assessores de seu gabinete, na Câmara dos Deputados, destinassem uma parte de seus salários para custear suas despesas pessoais. A prática, conhecida como “rachadinha”, configura enriquecimento ilícito, dano ao patrimônio público e pode resultar em inelegibilidade, de acordo com o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aúdio obtidos pelo portal Métropoles mostram o deputado dizendo como pretendia gastar os valores provenientes dos salários dos servidores públicos lotados em seu gabinete. “Casa, carro, poupança e previdência”, disse em áudio.

Janones, que obteve 238 mil votos em Minas Gerais, não sabia que estava sendo gravado. 

A reunião com assessores aconteceu nas dependências da Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do partido Avante, ao qual Janones pertence. Em outro trecho do áudio, Janones busca sensibilizar os servidores. 

“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, tentou convencer Janones.

O deputado prosseguiu: “O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, afirmou.

Na sequência, Janones alegou que não seria legítimo os assessores ficarem com 100% de seus salários: “Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?”.

Ao mesmo tempo em que tentava justificar a rachadinha, Janones deixou claro que a divulgação dessa prática poderia ameaçar seu mandato como deputado federal. Durante sua declaração, o parlamentar tentou transmitir a ideia de que não se importaria muito caso fosse alvo de denúncias.

“E se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não tô fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: ‘o André perdeu o mandato’, você sabe o que é eu não me entristecer um milímetro?”, disse. 

O responsável pela gravação do áudio foi o ex-assessor de Janones, o jornalista Cefas Luiz. O áudio em questão é de 2019, e foi feito logo após a primeira eleição do parlamentar. O jornalista anunciou que entregará a gravação à PF, junto com outras evidências de possíveis irregularidades que teriam ocorrido no gabinete do deputado.

TERRA

Postado em 28 de novembro de 2023

Governo custeará viagem de assessores a Argentina para acompanhar Bolsonaro na posse de Milei

A Presidência da República autorizou na última quinta-feira que dois assessores deixem o país para acompanhar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na posse do presidente eleito na Argentina, Javier Milei. Em despacho publicado no Diário Oficial, permite que os servidores Jossandro da Silva e Estácio Leite da Silva Filho se ausentem do Brasil entre os dias 7 e 11 de dezembro. A posse do argentino ocorre no próximo dia 10. A informação foi inicialmente divulgada pelo portal Metrópoles e confirmada, em seguida, pelo Globo.
Os dois funcionários fazem parte do quadro da Secretaria Executiva da Casa Civil e atuam diretamente junto aos ex-mandatários. Por segurança, ao final do mandato, o então governante passa a ter direito a oito servidores, seis de apoio pessoal, e dois motoristas junto a veículos oficiais da União. Essas despesas são regularizadas pela Lei de 1986 e são custeadas pelo governo federal.

No dia seguinte, após a confirmação da eleição de Milei, o presidente eleito convidou Bolsonaro para a sua posse em uma videochamada. O ato foi divulgado nas redes sociais do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP): “Aceitamos o convite de Milei e estaremos em Buenos Aires para sua posse”, escreveu o filho do ex-presidente brasileiro no X (antigo Twitter).

O convite gerou mal-estar entre articuladores de Lula (PT). Neste domingo (28), contudo, Diana Mondino, futura chanceler de Milei, se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

A questão é que Milei atacou Lula durante a campanha. Chamou o presidente brasileiro de corrupto, razão pela qual Lula teria sido preso. As relações bilaterais acabaram comprometidas e Mondino veio a Brasília para tentar aparar as arestas. Na ocasião, Mondino entregou uma carta com um convite pessoal para que o petista esteja na solenidade.

A presença do chefe do Executivo brasileiro, todavia, não é dada como certa. Isto porque Milei passou sua campanha inteira atacando Lula. Em manifestações públicas, chamou o presidente brasileiro de corrupto e o acusou de tentar interferir no processo eleitoral argentino, em prol do candidato de esquerda peronista que ficou em segundo lugar na disputa, Sergio Massa.

Folha PE

Postado em 28 de novembro de 2023

Cientistas brasileiros descobrem por que ossos de fumantes são mais suscetíveis à fraturas e doenças

Os danos que o tabagismo causa nos pulmões são conhecidos, mas o cigarro também afeta os ossos e demais estruturas do sistema musculoesquelético. A informação já era de conhecimento de pesquisadores, especialmente do campo da ortopedia, que realizavam estudos clínicos. No entanto, a ciência ainda não entendia como as substâncias do cigarro deixavam os ossos mais frágeis.

Para tentar fornecer essas respostas, estudos foram publicados ao longo dos últimos quatro anos por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Ao Estado de S.Paulo, Fernanda Degobbi, do Instituto dos Laboratórios de Investigação Médica (LIM) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, disse que era procurada por médicos que buscavam entender por que os ossos dos fumantes “quebravam tanto”.

“Estudos anteriores já mostravam que os ossos dessas pessoas são mais porosos, mas não víamos trabalhos estudando a fundo esses tecidos” afirmou ela, que coordena uma equipe de 11 cientistas, entre biólogos, médicos e biomédicos. O grupo estuda a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e danos extrapulmonares do tabagismo.

Em artigos publicados entre 2020 e 2023, os estudiosos indicaram que a exposição ao fumo leva à morte mais rápida das células responsáveis pela produção da matriz óssea, rica em colágeno do tipo 1, que dá resistência aos ossos. A descoberta se deu, inicialmente, em estudo experimental com camundongos. Depois, foi confirmada em estudo clínico que analisou tecidos ósseos de pacientes submetidos à cirurgia de quadril.

“O tabagismo altera o metabolismo das células”
Conforme os estudos, o cigarro deixa mais ativo os osteoclastos, um grupo de células responsáveis pela desintegração e reabsorção do tecido ósseo. Ao Estado de S.Paulo, Fernanda afirmou que o tabagismo “altera o metabolismo das células”, de modo que “as células que ‘comem’ osso (osteoclastos) vão comer muito mais osso, enquanto as que produzem colágeno tipo 1 (osteoblastos) ficam menos ativas”.

Ainda conforme publicado, as análises dos pesquisadores revelaram que as mudanças estruturais do tecido ósseo ocorrem também graças ao processo inflamatório causado pela exposição à fumaça do cigarro. Além disso, parte do nado permanece mesmo em pacientes que pararam de fumar tabaco há mais de uma década. Segundo Fernanda, essas pessoas “até recuperam o volume de osso, mas com uma qualidade ruim”.

Os resultados preliminares de um estudo em andamento também indicam, segundo o Estado de S.Paulo, que o fumo causa danos às cartilagens das articulações. Conforme a pesquisa, a exposição às substâncias tóxicas do cigarro aumenta a morte dos condrócitos, responsável pelo colágeno tipo 2, componente principal do tecido cartilaginoso das articulações.

Folha de PE

Postado em 28 de novembro de 2023

Lula 3 é o que menos aprova projetos desde o governo Collor

A dificuldade do Palácio do Planalto para acomodar interesses de parlamentares sem perder a autonomia sobre a execução de políticas públicas prejudicou o desempenho do governo nas votações no Congresso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu transformar em lei apenas um quarto dos projetos que enviou ao Legislativo até agora. Desde janeiro, o Executivo apresentou 75 proposições, mas só 18 passaram. É o pior resultado em 33 anos, o que inclui os dois mandatos anteriores do petista. Analistas atribuem o baixo índice de sucesso à queda de braço travada com o Parlamento por protagonismo.
Levantamento feito pelo GLOBO mostra que Lula teve resultado pior até mesmo do que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi eleito por um partido até então nanico (PSL, hoje União Brasil) e sem um arco de alianças que o ajudasse a formar uma base aliada. Em seu primeiro ano de governo, em 2019, quando ainda não tinha apoio do Centrão, ele aprovou 25 das 79 propostas apresentadas, o equivalente a 32%. A conta inclui projetos de lei, Propostas de Emenda à Constituição (PEC) e Medidas Provisórias (MP).

O percentual registrado por Lula está abaixo ainda da média dos anos em que Dilma Rousseff ficou no comando do país, 57%. Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), com 46%, Itamar Franco (1992-1994), 46%, e Fernando Collor (1990-1992), 55%, também obtiveram resultados melhores. A maior eficácia na aprovação de propostas de autoria do Executivo é do próprio petista, em 2006, quando conseguiu transformar em lei 84 das 105 medidas enviadas naquele ano, um recorde de 80%. Procurado, o governo não comentou.

Na gaveta
Entre os projetos enviados por Lula neste ano e que ficaram parados na Câmara está o chamado “pacote da democracia”, elaborado pelo Ministério da Justiça como resposta aos atos de 8 de janeiro. A proposta que endurece punições a golpistas e prevê o crime de financiamento de tentativa de golpe de Estado foi enviado em julho, mas não teve qualquer andamento na Casa até agora.

Apresentado um mês antes, outra proposta do governo sem qualquer previsão de ser votada cria novas formas de controle da compra e venda de ouro como tentativa de combater o garimpo ilegal. O Executivo também enviou um projeto para a Câmara que propõe uma estratégia para prevenção da violência nas unidades de ensino, resposta ao ataque a uma escola no Paraná em junho deste ano. A medida ficou três meses engavetada antes da definição de um relator, o deputado Jorge Goetten (PL-SC), no mês passado, e ainda não foi analisada em nenhuma comissão.

Para o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), esse cenário já era esperado desde antes de Lula assumir, principalmente após a eleição de uma maioria de parlamentares conservadores. Partidos com bandeiras de direita conquistaram a maioria na Câmara, como PL (96), PP (50) e Republicanos (41). Já no Senado, das 27 cadeiras em disputa em 2022, 14 foram ocupadas por aliados de Bolsonaro.

— O governo tem consciência dessa realidade, mas conseguimos aprovar todas as matérias importantes de interesse do Executivo — disse Randolfe ao GLOBO.

Entre os exemplos citados por ele está a aprovação do arcabouço fiscal, considerada pelo Palácio do Planalto uma das suas principais vitórias nesse primeiro ano de mandato. O texto passou com ampla margem de votos na Câmara e no Senado. Mesmo em casos bem-sucedidos, contudo, o governo precisou suar a camisa e ceder a aliados para conseguir a aprovação, como na medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios. A proposta foi negociada até o último minuto, e o Palácio do Planalto teve que atender à demanda do Centrão.

Após essa medida provisória ser aprovada, outras foram “canceladas” e tiveram de ser transformadas em projeto de lei pelo governo, como a que trata do voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recurso Fiscal (Carf) e a do programa de aquisição de alimentos (PPA). A estratégia se deu após uma disputa entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a composição das comissões que analisam as MPs. A queda de braço acabou por paralisar a votação das medidas.

Ex-ministro da Coordenação Política e Assuntos Institucionais no primeiro mandato de Lula, Aldo Rebelo acredita que o resultado é um sinal que o governo precisa fortalecer sua base aliada.

Além disso, o Congresso ameaça derrubar nos próximos dias vetos de Lula em alterações feitas pelos parlamentares em projetos do Executivo. Na lista estão mudanças no novo arcabouço fiscal e na proposta que trata do Carf. Outro veto presidencial que deve cair é o que impediu a criação de um marco temporal para a demarcação de terras indígenas no país. Embora a proposta seja de autoria do Congresso,mexe num assunto que é bandeira do governo.

— Quando o governo, mesmo depois de ter enviado a matéria, desconfia que ela pode ser derrotada, o próprio governo trata de impedir a votação, de retirar e arquivar — disse Rebelo.

Já o líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PR), discorda que haja dificuldades no Congresso e lembra que Lula conseguiu aprovar projetos de seu interesse, mesmo antes de assumir o mandato, como a PEC da Transição, que permitiu ao governo manter promessas de campanha, como o aumento no benefício do Bolsa Família.

—É um equívoco medir sucesso do governo pela quantidade de projetos aprovados, o importante e que mostra nosso sucesso este ano, é medir pela qualidade e importância dos projetos aprovados. Nunca se aprovou tantos projetos benéficos ao governo e ao Brasil como agora — disse Zeca.

Queda de braço
Cientistas políticos avaliam que a disputa por protagonismo entre os dois Poderes, além de influenciar no volume de projetos aprovados, inclui também o controle do Orçamento.

— O cristal estilhaçou de uns tempos para cá, esse é o recado que esses números mostram. De alguma forma está deixando de ter esses padrões de governabilidade antes conhecidos e isso não tem a ver com especificamente a qualidade da liderança — afirma o cientista político Leandro Consentino, professor do Insper.

Graziella Testa, da Fundação Getulio Vargas, relaciona o poder de influência do Congresso sobre o governo com as emendas que o Parlamento passou a ter ascendência. Ela lembra que mesmo antes das chamadas emendas de relator, base do orçamento secreto, o Executivo já vinha perdendo o controle sobre a execução de parte das verbas. Historicamente, o pagamento desses recursos costuma servir ao governo da ocasião para barganhar apoio na Câmara e no Senado e ser usado como moeda de troca em votação de seu interesse.

— Existe um ganho de importância do Legislativo em relação ao Executivo, sobretudo de 2015 para cá, com as emendas impositivas, além de algumas ferramentas novas que trouxeram prerrogativas para o Congresso — disse ela.

O GLOBO

Postado em 27 de novembro de 2023

Fábio Jr fala de saudades do pai, lance com Elis Regina e episódios da carreira: ‘atravessei turbulências’

Fábio Jr surge no vídeo solto, com o garbo e o ar meio libertário que sempre exalou. Nem parece, mas fez 70 anos esta semana. Para comemorar, iniciou uma nova turnê, “Bem mais que os meus 20 e poucos anos” — brincadeira com um de seus primeiros hits, composto ao fim do primeiro de sete casamentos.
O paulistano Fábio Corrêa Ayrosa Galvão começou cedo no showbiz, aos 12 anos. Aos 13, já atuava com Cacilda Becker na TV Bandeirantes. Depois, se lançou cantando em inglês com os pseudônimos Uncle Jack e Mark Davis. Mas em 1976 lançou o primeiro disco com o nome artístico definitivo: “Fábio Jr”, de 1976, que inclui várias letras de Paulo Coelho. O estouro viria em 1978, ao cantar “Pai” na série “Ciranda Cirandinha”, da Globo.

Ele nunca deixou de atuar (são 20 trabalhos entre cinema e TV), mas a música se sobrepôs. Segundo o Ecad, ele tem 133 composições e gravou, ao todo, 558 canções.

Durante a conversa, ele se mostra espiritualizado (vez ou outra, agradece a quem chama de “moçada da luz”) e relembra seu pai, que mudou sua carreira ao dizer “você é romântico”. Também comenta a imagem de símbolo sexual e se posiciona contra o sensacionalismo: “Antes de ser artista, sou um homem”.

Seu primeiro disco como Fábio Jr, de 1976, tem muita atitude, uma pegada rock’n’roll. Era seu interesse na época?

Eu amo soul music, por exemplo. Nesse disco, tem “Carona”, do Tony Bizarro, que era da turma do Tim Maia. Cassiano é um mestre. Hoje as pessoas brincam de fazer melismas… você precisava ouvir o Cassiano!

Tem a história de que a Elis Regina, com quem você teve um caso, te chamou para gravar um disco com ela. Isso aconteceu? Se arrepende de não ter feito?

Aconteceu. Não me arrependo. Você acha que seria maluco, eu, um moleque que estava começando, de gravar um disco com Elis Regina? Não sou louco. Iam falar: “Quem é esse babaca?”

E o que levou à guinada para o romantismo?

Me tornei romântico não porque quis, e sim porque sou. Lembro de uma conversa com o meu pai. Ele falou: “Nego, você é romântico. Não precisa ficar fazendo um monte de coisa, faz o que é da sua natureza”. Com isso, fiquei mais romântico ainda.

Você já disse outras vezes que não havia superado a morte do pai. Como é hoje, aos 70?

É uma ausência muito presente. Porra, lembro de cada história dele que… meu Deus do céu! Ele arranhava o violão, fazia seresta pra minha mãe. Xavequeiro pra caramba. Me deu o violão dele, eu tinha uns 10 anos. Eu canto “Pai” há 45 anos, e tem dia que o bicho pega. Até hoje. Ele morreu aos 53, novo pra caramba.

A TV fez de você um dos grandes símbolos sexuais da sua geração. Como lida com isso?

Eu pesava 53kg em “Ciranda cirandinha”. Símbolo sexual como? (risos) Mas sei do que você está falando. Me ajudou a ficar mais conhecido.

Costuma se irritar com a imprensa?

Não. O que não suporto é quando passam da linha do respeito. Porque antes de ser artista, sou um homem, eu trabalho, tenho filhos. Então, pra cima de mim, não. E me enchia o saco quando perguntavam assim: (tom de deboche) “Você é ator ou cantor?” Eu pensava: “Não acredito que vocês estão me perguntando isso. Eu tenho que cortar um braço pra usar o outro?

Elvis e Frank Sinatra também eram atores e cantores.

São dois bons exemplos. Na época deles não tinha essa encheção. Comigo foi assim, música e dramaturgia. É puxado pra caramba.

Como você exerce sua religião? É católico?

Eu ia muito na missa quando era moleque, mas era pra xavecar as meninas (risos). Vou no básico. Religião significa reunir, religar. Uma atitude em prol da reunião das pessoas. Com leveza, com nobreza, com prosperidade espiritual e material. A gente está encarnado no nosso planetinha azul aqui e cada um com muita coisa pra fazer. Se a religião fosse mais presente, nesse sentido, não haveria essas guerras religiosas. Isso do ser humano matar outro por território ou por crença… eu não entendo essa porra.

Em entrevista à Marília Gabriela, em 1998, você disse que sua mãe o ajudou a “não despirocar”. Como foi esse momento?

Minha mãe era muito rigorosa. Se dos 12 aos 21 anos você não for indisciplinado, bagunceiro, algo está errado. Mas atravessei algumas turbulências no caminho. Só que sabia qual nave eu estava pegando, pra onde ela ia e ainda está indo.

Na mesma entrevista, você falou que tinha começado a fazer academia para “inverter um pouco o horário”, porque sempre foi “da noite”. Esse plano deu certo?

Advinha quanto tempo eu fiquei na academia? Tcharan! Quinze minutos (risos). Eu tentei. Mas mudei um pouco e, de um tempo pra cá, venho tentando me disciplinar. Faço exercícios, fisioterapia, caminhada. Não vou virar atleta nunca, nem pretendo. Mas é pra eu poder me sentir bem.

Você sofreu bullying na escola por já saber, desde cedo, que se tornaria o que se tornou, né?

Me zoavam pra caramba. (imita voz debochada) “Olha ele aí, vai ser artista. Canta aí pra gente, então….” Mas eu tinha certeza. Como vou explicar isso? Acho que é a moçada da luz. Aos 12, comecei profissionalmente. Sei lá, era uma intuição muito forte que eu acho que é uma conexão que a gente tem com a “moçada da luz”. Para mim, é isso.

Nunca pensou em trabalhar com outra coisa?

Cheguei a cursar Comunicação, Letras, Turismo, Filosofia. Mas não fiz nenhuma, né? Fiz um ano aqui, um ano ali (risos). Eram temas que me interessavam muito, mas estava sempre trabalhando na música ou fazendo algo como ator. Quando ninguém me conhecia ainda, fiz na TV Cultura um especial com o Paulo Autran, dirigido pelo Walter George Durst, “Um pássaro em meu ombro”. Sempre tive muita sorte (faz sinal de aspas quando fala “sorte”). Muita proteção, muita bênção.

Você ainda tem o costume de pescar no seu sítio?

Sim. Tem uma frase de um dos meus ídolos, Renato Teixeira, “o simples resolve tudo” (começa a cantarolar “Irmãos de Lua”, de Teixeira). Eu gosto de ir por aí. De porta a porta, da minha casa pro sítio dá uma hora.

Continua cantando por paixão ou porque precisa?

Não tenha dúvida disso (seguir trabalhando porque tem paixão). Mas todos precisamos.

Uns mais, outros menos, né…

Uns ganham bem e gastam mal. Outros ganham menos e gastam direito. Eu não tive muita educação financeira nem gestão. Hoje eu tenho (aponta para a esposa, Maria Fernanda Pascucci, próxima a ele na videochamada). Ela cuida da minha vida com formação de gestão de negócios, de pessoas, administração de empresa, marketing. Então, juntei o útero ao agradável.

Como foi aquele lance de tentar ser dono de uma emissora de TV, nos anos 1990?

Um amigo que eu tinha na época, maluco, um grande empresário, mas completamente maluco, falou pra gente entrar na licitação. Mas é uma coisa muito complicada. Graças a Deus não deu certo (ergue as mãos pro céu). Graças a toda a moçada aí.

Por falar no universo da comunicação, como você lida com redes sociais?

O que me incomoda nessa coisa de rede social e internet, de um modo geral, é que está acontecendo um paradoxo. O mundo está globalizado, e isso é muito bom, só que junto com isso, no bojo dessa globalização, vem a impunidade de pessoas irresponsáveis, de pessoas que falam e não se apresentam, são covardes. Você pode pegar esse aparelho (aponta para o celular) e fazer o que quiser da vida dos outros, julgar e condenar. É o preço? Não sei, mas é assim que está acontecendo. E você fala com um amigo seu do Japão, mas não fala com quem está do seu lado aqui. Tá todo mundo assim (imita alguém com a cara enfiada no celular). Estou errado? Me irrita muito. Meus filhos já nem ficam assim na minha frente.

Com todas as discussões atuais sobre feminismo e machismo estrutural, chegou a fazer algum movimento de desconstrução da sua masculinidade?

Eu acho que faço isso sem esforço nenhum. Conheço minha natureza como ser humano, como homem.

O GLOBO

Postado em 27 de novembro de 2023