Goleiro Bruno vira coach: vai trabalhar a mente dos clientes

O goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato da modelo Eliza Samudio em 2010, agora tem outra atividade: é coach esportivo, responsável por trabalhar a mente de profissionais de alto rendimento e equipes, com ênfase na disciplina.

Ele mesmo, com a ajuda de amigos, vem divulgando a novidade por meio das redes sociais. Bruno chegou a fazer um curso intensivo online para adquirir a habilidade.

Depois de ter migrado para o regime semiaberto em 2019, Bruno ainda se mantém no futebol, atuando como goleiro amador em eventos por cidades do Estado do Rio.

Em junho de 2010, quando jogava pelo Flamengo e tinha seu nome cotado para a Seleção brasileira, Bruno foi declarado suspeito pela Polícia Civil de Minas Gerais pelo desaparecimento de Eliza, com quem teve um filho.

Em março de 2013, sua condenação foi anunciada pela Justiça de Minas por homicídio triplamente qualificado, cárcere privado, sequestro e ocultação de cadáver.

TERRA

Postado em 5 de dezembro de 2023

Natal supera Nova York e é o segundo destino mais procurado para festas de fim de ano

Destinos litorâneos nacionais, como Porto de Galinhas e Natal, estão entre os primeiros lugares no roteiro dos brasileiros para comemorar o Natal e o Ano Novo. É o que aponta um levantamento realizado pela agência online de turismo, ViajaNet, que apurou o volume de pacotes (passagens e hotéis) para os dias 23 de dezembro a 1 de janeiro de 2024.

A pesquisa revelou que a procura por locais de veraneio representa 60% das preferências dos passageiros para as datas comemorativas de fim de ano. Na lista, o litoral nacional não fica para trás, com quatro destinos. Por sua vez, nas viagens para o exterior, os turistas preferem visitar locais mais próximos ao Brasil. Localidades perto do mar também aparecem como prioridades, mas quem se destaca é o frio norte-americano.

De acordo com a CMO do ViajaNet, Daniely de Oliveira, a preferência pelo litoral brasileiro é típica da época, mas a inclinação é para viagens que cabem no bolso. “Esse ano, os voos domésticos bateram recorde em volume de transporte de passageiros desde 2015. As pessoas querem conhecer o próprio país, comprando com antecedência e pesquisando ofertas. E esse movimento também impacta o setor hoteleiro, porque, além da passagem, o consumidor está interessado na hospedagem mais vantajosa”, diz.

As praias nordestinas conquistam o primeiro e segundo lugar na lista para passar as férias do final do ano. Porto de Galinhas, em Pernambuco, e Natal, capital do Rio Grande do Norte, representam juntas 16% do volume de vendas dos pacotes turísticos. Já com 5% das buscas, a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, se situa em terceiro lugar, com Gramado, em quarto lugar, também com o mesmo percentual da metrópole americana, ambos os destinos para quem quer fugir do calor.

Rio de Janeiro, Punta Cana, na República Dominicana, e Riviera Maya, no México, alcançam no ranking 5% das vendas dos bilhetes aéreos e hospedagens, cada uma. E mais tarde na lista, aparece Ilhéus (4%), na Bahia, município com a maior extensão litorânea do estado baiano. Em seguida, representando a América do Sul, Buenos Aires, capital da Argentina, se localiza na sétima posição com 4%. Não muito distante dos argentinos, Foz do Iguaçu, no Paraná, ocupa o décimo lugar.

96FM

Postado em 5 de dezembro de 2023

Cantor Alexandre Pires é alvo de operação da PF contra garimpo ilegal

O cantor Alexandre Pires é alvo de investigação da Polícia Federal, suspeito de integrar um esquema de garimpo ilegal em Terras Indígenas Yanomami (TIY). Ao todo, a organização teria movimentado R$ 250 milhões.

A notícia é do Metrópoles. A Operação Disco de Ouro, da Polícia Federal, foi deflagrada na manhã desta segunda-feira (4). A PF cumpriu mandado de busca e apreensão no cruzeiro do cantor, em Santos. A operação tem o objetivo de desarticular um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal.

A organização teria contado com o envolvimento de Matheus Possebon, um famoso empresário do ramo musical, de expressão nacional. Segundo a investigação, ele seria um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes. Alexandre Pires teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada.

As equipes cumpriram dois mandados de prisão, bem como seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, em Boa Vista (RR), Mucajaí (RR), São Paulo (SP), Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC). A Justiça determinou, ainda, o sequestro de mais de R$ 130 milhões em bens dos suspeitos.

96fm

Postado em 4 de dezembro de 2023

Governadora anuncia como será pago o 13º dos servidores estaduais

A governadora Fátima Bezerra (PT) anunciou no X (antigo Twitter) como será feito o pagamento do 13º salário de 2023.

O pagamento será em quatro datas, e não três como chegou a ser dito pelo secretário estadual da fazenda Cadu Xavier, começando a partir da próxima sábado, dia 9, quando será pago o valor integral para quem ganha até R$ 7 mil líquido (exceto carreira do magistério e órgãos com arrecadação própria que receberam adiantamento em junho), receberão o décimo terceiro integralmente em suas contas. Serão 66.386 servidores entre ativos e pensionistas.

No dia 20 de dezembro, os servidores ativos de órgãos com arrecadação própria como: Arsep, Ipem, Jucern, Detran e Idema, que tiveram o adiantamento de 30% em junho, receberão o complemento.

No dia 30 de dezembro, recebem complemento os servidores ativos da carreira do magistério, que receberam adiantamento em junho. São 21.240 servidores que recebem o valor integral.

Em Janeiro, no dia 10, haverá o complemento do 13⁰ dos demais servidores. Empregados públicos (celetistas) receberam 50% de adiantamento no dia 30 de novembro e no próximo dia 20 de dezembro haverá o complemento.

“É com muita felicidade que faço este anúncio, cumprindo com a palavra de pagar nossos servidores em tempo hábil. São trabalhadores e trabalhadoras que se dedicaram o ano inteiro para um Rio Grande do Norte melhor para a população”, disse a governadora Fátima Bezerra.

Ao todo, serão pagos R$ 713 milhões (excluído IR e Previdência) para os servidores. Serão utilizados R$ 286 milhões de recursos extraordinários oriundos do Governo Federal (40% do total) para quitar o 13⁰.

Blog do Barreto

Postado em 4 de dezembro de 2023

Em disputa polarizada, ‘penetras’ esquentam briga eleitoral de São Paulo

Desde que começaram as primeiras movimentações no xadrez político para ocupar a cadeira da maior cidade do país, o eleitorado paulistano se viu confrontado com um cenário que indicava uma disputa entre dois nomes, um à direita, outro à esquerda, em um desenho semelhante à polarização que permeia o cenário nacional. De um lado, Guilherme Boulos (PSOL), deputado mais votado no estado, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, por ora, líder nas pesquisas. Seu principal rival é o atual dono da cadeira, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que vem tentando costurar um amplo leque de alianças, com partidos como PSD, Progressistas e Republicanos — além, claro, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem espera contar com o apoio em 2024. Além de ser a mais importante eleição municipal do país, a disputa chama atenção por se apresentar como uma espécie de tira-teima das forças que continuam monopolizando a cena política do país, depois de duelarem no último pleito presidencial.

Nas últimas semanas, no entanto, dois outros nomes vêm ganhando espaço no ringue da campanha. Um dos “azarões” é Tabata Amaral, uma deputada do PSB de 30 anos que pode roubar votos à esquerda, atrapalhando a vida de Boulos, mas tem chance também de conquistar parte do eleitorado do centro. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, que é do PSB, promete subir no palanque, independentemente de seu chefe, Lula, estar ao lado de Boulos. Outro integrante do partido, o ministro Márcio França, é um dos principais entusiastas da candidatura de Tabata. A jovem parlamentar tem conversado com PDT, Podemos, Avante e até PSDB, sendo que este último era tido como apoio certo de Nunes. Nas últimas semanas, ela convidou José Luiz Datena para figurar como vice de chapa, embora ninguém acredite mais na real disposição de o apresentador entrar na política. Aliados avaliam que Tabata tem como trunfos a baixa rejeição, a ficha-limpa e a capacidade de penetrar nas bolhas da direita e da esquerda. “São Paulo está um caos, tem bilhões em caixa que não foram usados com inteligência. Precisa tornar-se uma ‘grande cidade’ na educação e nas oportunidades”, afirma ela.

Enquanto isso, turbulências à direita abriram espaço para uma candidatura concorrente à de Ricardo Nunes. O movimento é insuflado pelo bolsonarismo-raiz, que anda muito insatisfeito com o prefeito e com o governador do estado, Tarcísio de Freitas. Na percepção desse grupo, ambos querem os votos do eleitorado cativo do ex-presidente, mas se recusam a abraçar integralmente as pautas mais radicais. Eles tentaram mostrar força em um ato na Avenida Paulista no último dia 26, que contou com a presença do “prefeiturável” que está sendo adotado pela turma, Ricardo Salles. O ex-­ministro e atual deputado do PL procura agora uma legenda para se lançar, pois o partido deve seguir ao lado de Nunes — o cacique da sigla, Valdemar Costa Neto, declarou que aceita liberar Salles para outra agremiação. “Estou conversando com quatro partidos, mas não quero fechar a porta para o PL”, diz Salles, confiando ainda numa reviravolta. Além da legenda, outra incógnita é o apoio de Jair Bolsonaro. Nos bastidores, o ex-presidente tem dado sinais de que não irá declarar apoio a nenhum candidato, embora veja com simpatia as ambições do seu ex-ministro.

A presença de Tabata e Salles certamente vai tornar o pleito ainda mais disputado. Apesar das críticas dos rivais, Nunes vem crescendo nas pesquisas e, com o caixa cheio da prefeitura, tem cacife para chegar mais longe, à base de transformar a cidade num canteiro de obras. Boulos, por sua vez, dependerá muito de como estará a popularidade de Lula no próximo ano. Sinais emitidos pelas últimas pesquisas preocupam o Palácio do Planalto, pois indicam uma leve tendência de alta na desaprovação ao presidente. Para além do atual equilíbrio de forças, a disputa paulistana tem um histórico de imprevisibilidade. De um pleito para outro, o eleitorado muda radicalmente de lado. Em 2016, por exemplo, disputando a reeleição, Fernando Haddad (PT) nem sequer chegou ao segundo turno contra o estreante João Doria (PSDB).

Segundo especialistas, o desempenho de Lula, Bolsonaro, Tarcísio e Alckmin perto da eleição será importante. “O conhecimento da cidade tem peso grande, mas os padrinhos têm peso muito maior”, diz Murilo Hidalgo, presidente do Paraná Pesquisas. Outro fator pode ser um eventual fastio com a polarização dos últimos anos, o que pode beneficiar uma candidatura alternativa. É isso o que alimenta os sonhos dos penetras Tabata e Salles neste momento.

VEJA

Postado em 4 de dezembro de 2023

Os impactos da aprovação comercial da principal técnica de edição de DNA

Tem toda a pinta de ficção científica, mas já é uma realidade palpável. Em fração de duas décadas, as descobertas que deram origem a um método conhecido pela sigla CRISPR-Cas9 foram laureadas com um Prêmio Nobel, mobilizaram centenas de estudos, milhões de dólares e alcançaram um marco histórico: a agência regulatória do Reino Unido deu sinal verde, de forma pioneira, à primeira terapia baseada em edição genética. Ela poderá levar à remissão de quadros graves de doença falciforme e talassemia beta, dois distúrbios do sangue por trás de sintomas incapacitantes como anemia severa e dores intensas. Tudo indica que a decisão será seguida pelo governo americano e outras nações, inaugurando uma era de tratamentos sem precedentes para uma porção de enfermidades — alguns deles, quem sabe, com possibilidade curativa.

O CRISPR é fruto de anos de estudos envolvendo pesquisadores de vários campos da química e da biologia, mas dois nomes foram cruciais para a inovação ter aplicação prática e clínica: a francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer Doudna, não à toa consagradas pela Academia Sueca em 2020. A dupla de cientistas investigou um comportamento um tanto interessante da bactéria Streptococcus pyogenes, que causa uma simples amigdalite mas também pode levar a uma infecção generalizada. Ao se defender do ataque de um vírus — sim, vírus atacam bactérias —, esses microrganismos capturam pequenas partes do genoma viral e as guardam no próprio DNA — eis o que se batizou de matriz CRISPR. Quando vem um novo bombardeio virológico, as bactérias já são capazes de se lembrar da sequência e tal matriz se conecta aos genes do invasor. Entra em ação, nesse ponto, uma enzima, a Cas9, que picota o DNA viral e o inativa. Esse mecanismo natural foi a fonte de inspiração para a técnica que ganhou o apelido de “tesouras genéticas”: por meio de um corte preciso, ela permite interferir em sequências de qualquer DNA, incluindo o humano.

O primeiro tratamento que recorre a essa estratégia a receber aprovação, o Casgevy, foi desenvolvido pelas empresas de biotecnologia Vertex Pharmaceuticals e CRISPR Therapeutics. Elas realizaram dois estudos clínicos com resultados animadores. No caso da doença falciforme — um quadro mais comum na população afrodescendente e, por isso, de maior prevalência no Brasil —, 28 dos 29 pacientes tratados não relataram mais sintomas como dores excruciantes após a intervenção. No caso da talassemia beta, outra condição hematológica, a taxa de sucesso foi de 93%, sendo que a maioria dos voluntários pôde abrir mão das transfusões de sangue regulares necessárias para controlar a enfermidade. Os benefícios foram mantidos por um ano em ambas as doenças, que abalam a qualidade de vida e podem levar à morte. “Até o momento, um transplante de medula óssea, que deve ocorrer de um doador estreitamente compatível e mesmo assim apresenta risco de rejeição, tem sido a única opção de tratamento permanente a esses pacientes”, diz Julian Beach, membro da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido.

Os efeitos do CRISPR impressionam até quem conhece a fundo o mundo das terapias gênicas. “Tive a oportunidade de estar em um encontro internacional em Londres onde vi o depoimento de uma mulher com anemia falciforme tratada dessa nova forma. A vida dela agora é outra”, diz Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. Tamanho sucesso empolga, mas não vem isento de uma série de desafios operacionais. O procedimento em si é um deles. “O tratamento não é algo fácil ou banal, porque é preciso retirar as células do paciente, alterá-las em laboratório e fazer a reintrodução no organismo”, afirma a geneticista. “A pessoa precisa ficar internada por até dois meses.”

Outro gargalo é o preço. Um artigo publicado no periódico científico Nature estima que o valor final da terapia possa chegar a 2 milhões de dólares, algo perto de 10 milhões de reais, por pessoa. Isso não significa que os pacientes devem perder as esperanças. As soluções mais avançadas são lançadas a cifras exorbitantes e é a difusão ao redor do globo, por meio de aquisição pelos governos e concorrência entre empresas, que torna o acesso mais democrático. A chegada das inovações ainda alimenta uma reação em cadeia para encontrar novas saídas adaptadas a diferentes realidades.

É nesse contexto que podemos celebrar pesquisas com CRISPR em desenvolvimento no Brasil. Um dos projetos tem como alvo justamente a doença falciforme, que encontra no país uma situação diferente do cenário britânico. Segundo o Imperial College Healthcare NHS Trust, que conduziu o ramo inglês dos estudos que culminaram na liberação da terapia, há 15 mil pessoas que vivem com a condição por lá. Também chamada de anemia falciforme, a doença afeta principalmente a população preta e parda e, segundo o primeiro levantamento a respeito do Ministério da Saúde, divulgado em outubro, existem de 60 000 a 100 000 pacientes por aqui. “No mundo, a doença até é considerada rara, mas, no Brasil, não é desprezível em termos de prevalência. É condição grave que atinge sobretudo uma população desprivilegiada”, diz Ricardo Weinlich, líder do grupo de terapia gênica do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, que trabalha na elaboração de uma tecnologia com esse princípio para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Sob qualquer ângulo, o CRISPR é um divisor de águas por dar uma resposta com precisão cirúrgica a problemas antes vistos como impossíveis de serem resolvidos. Se o fundo genético foi um dia um fator limitante, agora ele é fundamental para o uso do método. “Desde que se estabeleça que a variante genética é a causa da doença, ela poderá ser alvo de uma terapia gênica”, afirma Weinlich. Esse olhar tem impulsionado estudos para testar essa e outras abordagens focadas no DNA para controlar quadros de hemofilia (distúrbio da coagulação sanguínea), problemas oculares que resultam em cegueira e disfunções mais raras que limitam o desenvolvimento e a qualidade de vida de crianças e jovens. Até mesmo o câncer está na mira. Em um experimento publicado na revista acadêmica Science Translational Medicine, a técnica de edição genética entrou em ação para tratar seis crianças com leucemia grave e refratária ao tratamento tradicional. No caso, as tesouras mágicas foram utilizadas para alterar e habilitar células de defesa a reconhecer e destruir tumores — procedimento conhecido como CAR-T. No estudo, quatro voluntários tiveram remissão em 28 dias e puderam receber o transplante de medula. Há promessas à vista, inclusive no Brasil. “Usamos o CRISPR para entender melhor mecanismos envolvidos na biologia do tumor e também para buscar turbinar o sistema imune contra a doença”, diz Martín Bonamino, pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Por mais que seja um avanço e que as manifestações de uma doença desapareçam, a edição genética não significa necessariamente a cura. A alteração feita por esse rebuscado processo de “cortar e colar” tem como fim a correção para o controle efetivo de uma patologia, mas tanto a mutação de base quanto as sequelas podem permanecer. A compreensão desse cenário e dos limites para a aplicação do método é crítica também para nortear os princípios éticos que balizarão as pesquisas e aprovações com a tecnologia. Um exemplo emblemático dessa discussão envolveu o cientista chinês He Jiankui. Em 2018, ele anunciou a modificação genética de embriões para fertilização in vitro e, assim, trouxe ao mundo gêmeas com DNA resistente à infecção pelo HIV, o vírus causador da aids. Mas fez a experiência sem as autorizações necessárias dos comitês de pesquisa — e numa situação para a qual existem outras saídas e faltam evidências de segurança. Condenado pela Justiça, ele passou três anos na prisão.

O caso chocou a comunidade médica e alertou as autoridades sobre o risco de rompantes de eugenia quando regras éticas são desrespeitadas. Mas não tira o brilho do CRISPR, uma ferramenta engenhosa capaz de silenciar doenças que arrasam vidas e impactam a sociedade como um todo. O marco regulatório da sua primeira aprovação fora dos muros do laboratório mostra que esse futuro já começou. E, respeitando o rito da ciência, a revolução poderá ser feita sem atropelos.

VEJA

Postado em 4 de dezembro de 2023

The Economist: Donald Trump é o maior perigo para o mundo em 2024

Uma sombra paira sobre o mundo. Na edição desta semana nós publicamos o guia The World Ahead 2024, nosso 38.º guia de previsões para o ano seguinte, e em todo este tempo nenhuma outra pessoa havia eclipsado nossa análise tanto quanto Donald Trump eclipsa 2024. Começamos a nos dar conta do quanto uma vitória de Trump em novembro pode ser uma realidade.

Trump domina as primárias republicanas. Várias pesquisas o colocam à frente do presidente Joe Biden em Estados indefinidos. Em uma das sondagens, encomendada pelo New York Times, 59% dos eleitores afirmaram confiar mais em Trump em relação à economia, enquanto apenas 37% preferiram Biden. Nas primárias, pelo menos, os processos jurídicos cíveis e indiciamentos criminais só fortaleceram Trump. Há décadas os democratas dependeram do apoio entre negros e hispânicos, mas um número significativo desses eleitores está abandonando o partido. Nos próximos 12 meses, qualquer tropeção de algum dos candidatos poderia definir a disputa — e portanto virar o mundo inteiro de cabeça para baixo.

Trata-se de um momento perigoso para um homem como Trump voltar a bater na porta do Salão Oval. A democracia passa por dificuldades nos Estados Unidos. A alegação de Trump de ter ganhado a eleição de 2020 foi mais que uma mentira: foi uma aposta cínica de que ele seria capaz de manipular e intimidar seus compatriotas; que funcionou. Os EUA também enfrentam crescente hostilidade no exterior, desafiados pela Rússia na Ucrânia, pelo Irã e suas milícias aliadas no Oriente Médio e pela China no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China. Esses três países coordenam frouxamente esforços e compartilham a visão de uma ordem internacional em que manda quem pode e autocratas prosperam livremente.

Em razão dos republicanos trumpistas estarem planejando o segundo mandato de seu líder há meses, Trump 2 seria mais organizado do que Trump 1. Fanáticos verdadeiros ocupariam as posições mais importantes. Trump se sentiria livre para perseguir vinganças, protecionismos econômicos e acordos teatralmente extravagantes. Não impressiona que o prospecto de um segundo mandato de Trump encha de desespero Parlamentos e diretorias de empresas. Mas desesperar-se não é um plano. Passou da hora de impor ordem sobre a ansiedade.

A maior ameaça que Trump representa é para seu próprio país. Reconquistando o poder em razão de seu negacionismo eleitoral em 2020, ele certamente sentirá que apenas perdedores se permitem reger pelas normas, pelos costumes e pelo autossacrifício que constroem uma nação. Ao perseguir seus inimigos, Trump combaterá qualquer instituição que fique em seu caminho, incluindo os tribunais e o Departamento de Justiça.

Mas uma vitória de Trump no próximo ano também teria um efeito profundo no exterior. China e seus amigos se deleitariam diante da evidência de que a democracia americana é disfuncional. Se Trump desafiar a legalidade e os direitos civis nos EUA, seus diplomatas não poderão proclamá-los no exterior. Confirmaria-se a suspeita do Sul Global de que os apelos americanos por se fazer o que é certo não passam de um exercício de hipocrisia. Os EUA se tornariam apenas outra grande potência.

Os instintos protecionistas de Trump também estariam livres de amarras. Em seu primeiro mandato, a economia prosperou apesar de suas tarifas sobre a China. Seus planos para um segundo mandato seriam mais daninhos. Ele e seus asseclas planejam um imposto universal de 10% sobre as importações, mais de três vezes superior ao nível atual. Mesmo se o Senado controlá-lo, o protecionismo justificado por uma visão expansiva de segurança nacional aumentaria os preços para os americanos. Trump também animou a economia em seu primeiro mandato cortando impostos e distribuindo ajudas em dinheiro para mitigar os efeitos da pandemia de covid-19. Desta vez, os EUA estão administrando déficits de orçamento numa escala vista apenas em períodos de guerra, e os custos dos serviços da dívida estão mais altos. Cortes de impostos alimentam a inflação, não o crescimento.

No exterior, o primeiro mandato de Trump foi melhor que o esperado. Seu governo forneceu armas para a Ucrânia, perseguiu um acordo de paz entre Israel, EAU e Bahrein e assustou países europeus fazendo-os aumentar seus gastos em defesa. A política americana em relação à China ficou mais beligerante. De olhos semicerrados, outra presidência transacional poderia trazer alguns benefícios. A indiferença de Trump em relação aos direitos humanos pode tornar a Arábia Saudita mais dócil quando a guerra em Gaza acabar e fortalecer as relações com o governo de Narendra Modi na Índia.

Mas um segundo mandato seria diferente porque o mundo mudou. Não há nada de errado em países serem transacionais; eles têm obrigação de colocar seus próprios interesses em primeiro lugar. Contudo, a tara de Trump por negociatas e a ideia que ele tem dos interesses americanos não respeitam os limites da realidade nem se ancoram em valores.

Trump considera que, para os EUA, derramar sangue e despejar dinheiro na Europa é um mau negócio. Portanto ele promete pôr fim à guerra na Ucrânia e arruinar a Otan, talvez renegando o compromisso dos EUA em tratar um ataque contra um país da aliança como um ataque contra todos. No Oriente Médio, Trump deverá apoiar Israel sem reservas, sem se importar com o quanto isso possa fomentar o conflito na região. Na Ásia, Trump poderá estar aberto a um acordo com o presidente chinês, Xi Jinping, para que os EUA se esqueçam de Taiwan, já que não vê motivo para seu país travar uma guerra contra uma superpotência nuclear pelo benefício de uma ilha minúscula.

Mas sabendo que os EUA abandonariam a Europa, Putin teria incentivo para seguir lutando na Ucrânia e tomar ex-repúblicas soviéticas como a Moldávia e os Países Bálticos. Sem pressão americana, Israel dificilmente gerará consenso interno para negociações de paz com os palestinos. Calculando que Trump não garante a segurança de seus aliados, Japão e Coreia do Sul poderiam adquirir armas nucleares. Afirmando que os EUA não têm nenhuma responsabilidade global para ajudar a lidar com as mudanças climáticas, Trump esmagaria esforços para contê-las. E ele está cercado de falcões anti-China convictos de que o confronto é a única maneira de preservar o domínio americano. Pega entre um presidente americano tarado por negociatas e suas autoridades beligerantes, a China poderia facilmente errar o cálculo em relação a Taiwan, com consequência catastróficas.

Um segundo mandato de Trump seria um divisor de águas de uma maneira que o primeiro não foi. A vitória confirmaria seus instintos mais destrutivos em relação ao poder. Seus planos encontrariam menos resistência. E em razão dos EUA o terem escolhido conhecendo seu pior, a autoridade moral do país declinaria. A eleição será decidida por dezenas de milhares de eleitores de uns poucos Estados. Em 2024, o destino do mundo dependerá de suas cédulas. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Estadão

Postado em 4 de dezembro de 2023

Amendoim, padrasto, madrasta: para o Congresso, todo dia é dia de alguma coisa

Se depender do Congresso, todo dia será comemorada alguma coisa no país. Levantamento do GLOBO identificou que, só em 2023, foram apresentadas ao menos 425 proposições legislativas que tratam da criação de datas comemorativas. Entre as sugestões, estão as criações dos dias nacionais da madrasta e do padrasto, do amendoim, do entregador de delivery, da música gospel e do futebol de várzea.

Das proposições apresentadas, a Câmara aprovou neste ano apenas três novas celebrações. Duas delas — Dia Nacional da Conscientização da Fibrodisplasia Ossificante Progressiva (FOP), em 23 de abril, e Dia Nacional da Hematologista e Hemoterapeuta, em 29 de outubro — seguiram para discussão no Senado. A única já com a tramitação finalizada é a proposição que cria o Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria, em 7 de outubro, que aguarda a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O número de proposições de dias nacionais em 2023 é quase o dobro do apresentado em 2022, quando foram 252. Para a professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart, a explicação é a motivação eleitoral, já que cada feriado ou dia temático representa uma forma de agradar segmentos da base de cada parlamentar:

— A lógica é eleitoral, o político tem como objetivo principal manter e reconquistar seu mandato. É uma agenda que ele consegue mobilizar e concretizar, uma forma mais fácil ter algum projeto de lei aprovado, já que não tem um conflito distributivo e impactos diretos no orçamento público. Fora que os deputados estão atuando de forma cada vez mais nichada e essas datas ajudam a mobilizar esses grupos.

Sessões solenes
Atualmente, a Câmara tem cerca de 2,5 mil matérias em tramitação que tratam sobre a criação de novos “dias nacionais” dos mais diferentes temas. Além da definição das datas, os documentos podem solicitar audiências públicas para discutir as novas celebrações e sessões solenes.

O deputado federal Adilson Barroso (PL-SP), que protocolou o pedido de criação do Dia Nacional do Amendoim, conta que a ideia surgiu da importância da produção do alimento para a sua região, Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Ele pontua ainda que a escolha da data, 13 de setembro, foi inspirada na mesma comemoração que acontece nos Estados Unidos:

— O dia do amendoim é comemorado em vários países, inclusive nos Estados Unidos, que escolheu o dia 13 de setembro, por isso sugerimos a mesma data. Somos um dos maiores produtores do mundo e eu sou da região que mais produz amendoim do Brasil, Ribeirão Preto.

Há também a proposição para a celebrar, além das já tradicionais datas em homenagem aos pais e mães, os dias nacionais do padrasto e da madrasta. A ideia é do deputado Fernando Rodolfo (PL-PE) para valorizar a figura de ambos nas relações familiares.

— Em muitas situações, eles substituem ou até mesmo complementam a figura dos pais biológicos, oferecendo apoio, carinho, orientação e auxílio nos desafios dos enteados. Sou autor de um projeto de lei que autoriza os enteados a adotarem o nome de família do padrasto ou da madrasta, sem autorização judicial. Essa matéria ainda tramita na Câmara — disse.

Entre os projetos, há ainda a criação do Dia Nacional do Futebol de Várzea, proposto pelo deputado Henrique Vieira (PSOL-RJ) para 28 de outubro. O parlamentar justifica que pretende “valorizar esta prática esportiva e cultural tão típica do Brasil, principalmente nas periferias”. Na Casa, também está em discussão a proposta da deputada Roseana Sarney (MDB-MA) para a comemoração do Dia Nacional do Futebol em 23 de outubro, data de nascimento de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. A proposição também quer “valorizar a prática esportiva do futebol, disseminando sua importância na cultura brasileira”.

A Câmara discute ainda o Dia Nacional da Música Gospel, que já foi tema de audiência pública com a participação de cantores do gênero. Autor do projeto, o deputado Raimundo Santos (PSD-PA) diz que é um pleito popular.

o globo

Postado em 4 de dezembro de 2023

Governo recua, e nova carteira de identidade volta a ter campo ‘sexo’ e distinção de nome social

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abandonou, pelo menos temporariamente, as medidas que visavam a deixar a nova carteira de identidade nacional mais inclusiva.

O documento que começa a ser entregue para a população mantém a separação dos campos de nome de registro e nome social e também voltou a contar com o campo destinado para o “sexo” do seu portador —o governo havia anunciado que abandonaria ambos os pontos, há pouco mais de seis meses.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos foi procurado na tarde deste sábado (2), mas apenas respondeu com duas frases:

“O governo federal não reincluiu nenhum campo. Foram apenas mantidos os campos existentes”, em referência ao fato de que as mudanças anunciadas em maio nunca entraram em vigor na prática, pois nenhum decreto nesse sentido foi publicado.

Em maio deste ano, o ministério anunciou que promoveria mudanças no layout da carteira nacional de identidade, que teriam o objetivo de “tornar o documento mais inclusive e representativo”, segundo afirmou texto divulgado pela própria pasta.

O novo documento, acrescentou, seria impresso sem o campo referente ao sexo e constaria apenas o nome que a pessoa declararia no ato da emissão, sem haver a distinção entre nome social e nome do registro civil.

“Teremos um documento inclusivo. Pretendemos que esse seja um instrumento que permita a reconstrução da relação de cidadania entre o Estado e o cidadão, que a gente saiba com quem que a gente está falando e que essa pessoa possa exigir do Estado seus direitos e cumprir seus deveres, além de ser reconhecido como uma pessoa”, afirmou o secretário de Governo Digital da pasta, Rogério Souza Mascarenhas, no texto divulgado pelo governo.

O anúncio das mudanças, no primeiro semestre, aconteceu durante cerimônia alusiva ao dia internacional e nacional de enfrentamento a violência contra pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras).

As alterações no documento haviam sido solicitadas pelo Ministério dos Direitos Humanos, com o objetivo de promover mais cidadania e respeito a esse público. Também, segundo foi divulgado, faziam parte do do compromisso do governo federal com políticas públicas voltadas a esse público.

A seção do site do Ministério destinado à nova carteira de identidade nacional, no entanto, voltou a divulgar o modelo que era previsto inicialmente, com a separação dos campos para nome de registro e nome social. Também voltou a incluir o campo “sexo”.

Nesta semana, o presidente Lula publicou um decreto que prorroga para até 11 de janeiro do próximo ano a obrigatoriedade da emissão documento pelos estados e Distrito Federal. O ato também estabelece diretrizes de proteção de dados.

O decreto determina que os cadastros administrativos existentes na administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverão obter obrigatoriamente do Serviço de Identificação do Cidadão alguns dados para a identificação de uma pessoa. Entre esses dados estão o nome, o nome social (caso exista), a data de nascimento, naturalidade, o sexo, entre outras informações.

Um interlocutor que participou do projeto da nova carteira de identidade nacional afirma que a mudança anunciada em maio não foi efetivada por falta de tempo hábil. Isso porque é necessário cumprir a legislação, que determina que todas as pessoas devam ter documento de identidade com o número do CPF até o dia 11 de janeiro do próximo ano —data agora limite para a emissão dos documentos, segundo o decreto recente.

Para adotar o layout anunciado em maio, seria necessária uma adequação do sistema, incluindo as unidades da federação.

Por outro lado, esse interlocutor acrescenta que não há impedimento para que essa discussão seja retomada e que haja novos decretos prevendo o layout anunciado em maio. As pessoas, se isso acontecer, poderiam solicitar o novo documento, mais inclusivo, se assim desejassem.

A proposta de deixar apenas o nome social no documento visa a evitar constrangimentos para os portadores. No entanto, há uma questão de segurança e, por isso, nos sistemas internos, os nomes de registros e demais informações ainda serão solicitadas, para que seja possível identificar as pessoas.

Folha de São Paulo

Postado em 4 de dezembro de 2023

Maduro ameaça anexar parte da Guiana e cria problemas ao aliado Lula

Embora a humanidade tenha uma série de outras prioridades nas quais seria possível investir os maiores e os melhores esforços, o mundo gasta energia hoje com dois grandes conflitos armados — a invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas —, que já ceifaram milhares de vidas e deixaram um gigantesco rastro de destruição. O Brasil se posiciona diante deles com algum anseio de protagonismo, que esbarra no pouco peso político do país na arena global e nos posicionamentos no mínimo duvidosos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação aos lados envolvidos. Agora, porém, o país está sendo chamado a mediar o que pode ser o início de novo entrevero armado, mas na sua fronteira, motivado pela pretensão tresloucada do regime chavista da Venezuela de anexar mais da metade da vizinha Guiana — a ex-colônia britânica, sentindo a ameaça iminente, já bateu às portas do governo brasileiro e de potências como Estados Unidos, Reino Unido e França em busca de ajuda. É sobre os ombros de Lula, no entanto, um dos poucos amigos de Nicolás Maduro — e talvez o melhor —, que repousa o fardo de resolver o imbróglio.

A reivindicação territorial da Venezuela não é nova, mas ganhou escala nos últimos dias em razão de dois fatores: a proximidade das eleições no país, em 2024, e o boom econômico do vizinho na esteira do avanço da exploração de petróleo. O alvo da cobiça é a região de Essequiba, uma área de 160 000 quilômetros quadrados formada em sua maioria por uma densa floresta cortada por rios caudalosos, que faz fronteira com Roraima e que representa dois terços do território da Guiana (veja o mapa). A posse da região foi concedida em 1899 à Guiana, na época uma colônia inglesa, por meio de arbitragem feita pelos Estados Unidos. A Venezuela questiona desde então a decisão e, em 1966, chegou a firmar um acordo com a Inglaterra, que reconhecia como nulo o Laudo Arbitral. Naquele mesmo ano, no entanto, a Guiana conquistou a independência, o que na prática manteve o acordo em suspenso até hoje.

Há dez anos no poder, Maduro viu na antiga reivindicação uma arma de campanha para encobrir a longa lista de problemas econômicos e sociais enfrentados pelo regime, instalado com a ascensão de Hugo Chávez em 1999. Maduro tem intensificado uma campanha interna para promover a sua intenção de anexar a área. Para se fortalecer politicamente, convocou para domingo 3 um referendo para que a população se posicione sobre o assunto. Uma das questões pergunta se o votante “está de acordo em rechaçar por todos os meios, conforme o direito, a linha imposta fraudulentamente pelo Laudo Arbitral”. O governo também tem promovido eventos públicos e uma ofensiva nas redes sociais para insuflar o patriotismo venezuelano — a disputa territorial desperta a simpatia até mesmo de parte do eleitorado e da classe política que não são simpáticos ao chavismo.

O pequeno vizinho já percebeu o tamanho da ameaça. O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, que nasceu na região de Essequiba, recorreu até à Corte Internacional de Justiça em busca de ajuda. Nas últimas semanas, anunciou ter assumido “compromissos com sócios estratégicos” para enfrentar eventual “agressão militar”. A ameaça é mesmo séria. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviou recentemente à Guiana chefes do Comando Sul das Forças Armadas americanas para planejar a defesa do país. No último dia 9, Ali ligou para Lula para pedir ajuda. Autoridades militares da Guiana Francesa, um departamento ultramarino da França — e, portanto, sob a jurisdição do governo do presidente Emmanuel Macron —, também se reuniram com seus colegas da Guiana para, segundo a imprensa local, externar o “compromisso inabalável com a paz e a segurança na Guiana e em toda a região”.

A escalada militar venezuelana é, inclusive, propagandeada. Soldados do país divulgaram vídeos na internet mostrando a mobilização de tropas na fronteira, próximo a Roraima. Em discursos, Maduro tem exaltado a força militar do país e o que considera soberania sobre Essequiba. A diferença entre as capacidades bélicas dos dois países é gritante. Enquanto a Venezuela dispõe de um exército de 109 000 homens, sem contar as milícias armadas e a Guarda Nacional, a Guiana tem 4 000 soldados na ativa. “Num conflito armado, a Guiana vai precisar contar com a boa vontade dos amigos”, avalia o pesquisador Leonardo Paz, do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV.

Diante da saia justa de lidar com o amigo encrenqueiro de Lula para evitar uma guerra em nosso quintal, o governo brasileiro enviou na semana passada a Caracas o ex-chanceler Celso Amorim, que se reuniu com Maduro. No mesmo dia, o Itamaraty sediou uma reunião de ministros das relações exteriores e de defesa dos países sul-­americanos, na qual Guiana e Venezuela expuseram seus argumentos. A explanação venezuelana chamou atenção pelo tom de ameaça. O chanceler brasileiro Mauro Vieira externou a posição nacional. “O Brasil estimula que as controvérsias sejam todas definidas por negociações, entendimentos e por arbitragem e por recursos a tribunais internacionais, como a Corte de Haia, sempre que possível”, disse. Uma missão difícil, diga-se, tendo em vista a pouca simpatia do regime chavista pelos organismos diplomáticos multilaterais globais.

O interesse de Maduro se ampliou nos últimos anos por um grande naco do território da Guiana com as descobertas de petróleo no litoral da região, cujo potencial ultrapassa 11 bilhões de barris. A revelação incentivou, inclusive, o governo brasileiro a intensificar, neste ano, os estudos técnicos para uma eventual exploração de petróleo na região da foz do Rio Amazonas. Em 2018, a Venezuela interceptou um navio petroleiro da Exxon nas águas de Essequiba, num ato considerado como “hostil e ilegal” pelo governo da Guiana. O petróleo fez com que a economia do país, que tem 804 000 habitantes (11 800 são residentes brasileiros), quadruplicasse nos últimos cinco anos. No ano passado, o crescimento do PIB de 62% foi o maior do mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional (veja o quadro). A previsão é de alta de 38% neste ano e de 45% em 2024. O pequeno país sul-americano caminha a passos largos para ultrapassar o Kuwait e se tornar o de maior PIB per capita do mundo.

oda essa pujança, e a semelhança do petróleo descoberto com o que é explorado na Venezuela, atraiu Maduro, que comanda uma economia sustentada na exploração do óleo, mas decadente, a ponto de haver crise humanitária em razão da má gestão, da falta de investimentos e de um embargo econômico imposto pelos EUA — só aliviado em outubro, quando o venezuelano sinalizou a realização de eleições em 2024. Para especialistas, o movimento de Maduro está mais voltado a atrair o público interno para a sua reeleição do que a promover um conflito armado que pode levá-lo a bater de frente com interesses de potências, o que levaria a novos embargos. “Se Maduro está pretendendo entrar em conflito, é um erro estratégico grosseiro, mas se ele está de olho na eleição, sai na frente da oposição ao exaltar o nacionalismo venezuelano”, avalia o professor Moisés Marques, do curso de pós-graduação em Política e Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) “Essequiba são as Malvinas da Venezuela”, completou, lembrando as ilhas que a ditadura argentina tentou retomar das mãos da Inglaterra, numa guerra inglória no início dos anos 80, cuja derrota acabou acelerando o fim do regime.

Para o Brasil, que aspira a ser uma liderança regional, o avanço de Maduro sobre a Guiana é um grande abacaxi. As relações de Lula e da esquerda com o chefe venezuelano são exaustivamente exploradas pelos adversários, que destacam a pouca transparência e as violações aos direitos humanos cometidas pelo chavismo. Em maio, Lula recebeu Maduro em Brasília, numa sinalização de reaproximação após quatro anos de distanciamento sob a presidência de Jair Bolsonaro. Na ocasião, o petista chamou de “narrativas” as acusações de que a Venezuela não vive sob um regime democrático. No mês seguinte, afirmou que o conceito de democracia é “relativo”. É esse aliado da pesada que Lula terá de defender novamente. A posição brasileira deve ser a de inibir qualquer aventura belicista e defender que as divergências entre países sejam resolvidas nos organismos internacionais, sob a força da diplomacia e não das baionetas. Falta “apenas” combinar isso com Maduro. O perigo mora ao lado.

VEJA

Postado em 4 de dezembro de 2023

Menina de 2 anos é mais jovem aceita em sociedade de QI alto

Enquanto muitas crianças nos primeiros anos de vida estão aprendendo a falar e fazer pequenos desenhos, a americana Isla McNabb, então aos 2 anos, se tornou a integrante feminina mais jovem da história a ser aceita na Mensa, uma das mais antigas sociedade para pessoas com elevado quociente de inteligência (QI).

Em uma entrevista recente para o site do Guinness World Record, os pais de Isla, Jason e Amanda McNabb, contaram que a criança surpreendeu a família ao conseguir ler a palavra “vermelho” que havia sido escrita em uma lousa infantil. Em seguida, a criança conseguiu ler outras palavras escritas no brinquedo sem grandes dificuldades. “Com um ano e meio, ela aprendeu o alfabeto sozinha e começou a ler aos dois anos de idade”, disse o pai de Isla, Jason McNabb, ao site internacional.

Jason McNabb conta que, após a filha começar a ler sozinha, era comum encontrar ao lado de objetos pela casa as letras correspondentes que formavam a palavra daquele item, como quando a menina deixou as letras G-A-T-O a lado do bichano de estimação da família, ou quando ela deixou as letras que formavam a palavra “cadeira” ao lado do móvel da casa.

O “incidente” foi o estopim para que o casal de Kentucky decidisse que a menina deveria ter sua inteligência avaliada por um profissional. Os McNabb contrataram um psicólogo especializado em crianças superdotadas. “O psicólogo afirma que não costuma testar crianças de até dois anos de idade, mas abriu uma exceção depois de ouvir sobre os talentos dela,” disse a mãe da menina na entrevista.

Com o resultado, Isla obteve a pontuação final de 99 de inteligência para a idade nos testes de QI Stanford-Binet, em uma escala que vai até 100. À época, ela tinha apenas 2 anos e meio. Assim, no dia 2 de junho de 2022, o Guinness reconheceu Isla formalmente como a menina mais jovem do mundo a ser aceita no Mensa.

Diante da falta de material didático e de apoio para entender como lidar com uma criança de inteligência superdotada, o casal decidiu inscrever a menina na sociedade de QI, em busca de outros pais que vivem situações semelhantes a sua e que pudessem “trocar figurinhas” sobre como educar uma criança cujo QI é superior a maior parte do resto do mundo.

Atualmente, Isla tem 3 anos de idade e começou a frequentar a pré-escola na sua cidade natal. A menina, segundo relato dos pais, já demonstrou aptidão para matemática e continua aperfeiçoando suas habilidades de leitura, que já supera o padrão das crianças da sua idade.

Correio Braziliense

Postado em 4 de dezembro de 2023

Homem de 30 anos morre após se engasgar com pedaço de carne durante casamento

A vítima, o pecuarista Ricardo Lago Zaher, teria se engasgado com um pedaço de carne enquanto jantava no evento, de acordo com informações do portal g1.

O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado durante a festa porque uma pessoa estava passando mal na ocasião. Apesar das tentativas de reanimação de Ricardo, que chegaram a durar 1h17min, ele não resistiu.

O corpo do pecuarista foi encaminhado primeiro à Unidade de Pronto Atendimento da Coronel Antonino, e então ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL).

De acordo com o registro policial feito na ocasião, não foram encontrados sinais de violência na vítima. A fatalidade foi registrada na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Cepol como “morte a esclarecer”.

Diario do Nordeste

Postado em 4 de dezembro de 2023

Lula diz que presidente da Petrobras tem uma mente ‘muito fértil’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na manhã deste domingo (3), em Dubai, que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tem uma mente “muito fértil”, “numa velocidade de Fórmula 1”. Ele se referia ao anúncio de Prates na sexta (1º) a respeito da possibilidade de a empresa petroleira brasileira abrir uma unidade no Oriente Médio, a Petrobras Arábia.

“Primeiro, você deve fazer essa pergunta para o Jean Paul Prates. Porque eu não fui informado de que gente vai criar uma Petrobras aqui [no Oriente Médio]. Como a cabeça dele é muito fértil, e ele pensa numa velocidade de Fórmula 1, e eu funciono numa velocidade de Volkswagen, eu preciso aprender o que é isso que ele vai fazer”, afirmou.

“A Petrobras não vai deixar de prospectar petróleo. É importante lembrar isso. Porque o combustível fóssil ainda vai funcionar durante muito tempo na economia mundial. Mas, ao mesmo tempo, a Petrobras vai se transformar numa empresa não de petróleo apenas, mas numa empresa que vai cuidar da energia como um todo”, disse o presidente.

“Eu vou conversar com ele [Prates]. Você me deu uma bela informação”, finalizou Lula. A fala foi resposta a uma pergunta feita na entrevista coletiva que encerrou a participação de Lula na COP28, nos Emirados Árabes Unidos. Após a conversa, ele partiu para a Alemanha.

Segundo Prates havia afirmado na sexta (1º), para a Bloomberg News, a estatal deve iniciar neste mês o estudo de uma subsidiária destinada a fortalecer os laços comerciais na região do golfo Pérsico. “Vamos analisar a viabilidade de estabelecer uma subsidiária integral no Golfo: Petrobras Arábia”, disse Prates, por meio de mensagem de texto.

O Brasil produz mais de 3 milhões de barris de petróleo por dia, aproximadamente o mesmo que Irã e Emirados Árabes Unidos, que são membros da Opep. E, nesta COP, o governo anunciou que o Brasil passará a integrar a Opep+, grupo que reúne os 13 países da Opep mais dez outros países observadores, sem direito a voto.

O presidente comentou o aparente contrassenso de participar de um bloco petroleiro à imagem de potência ambiental propagada pelo país. “O Brasil não será membro efetivo da Opep nunca porque nós não queremos. Agora, o que nós queremos é influir”, afirmou.

“O observador vai para ouvir e vai para dar palpite. E por que é importante para o Brasil participar? É verdade que nós precisamos diminuir o combustível fóssil, mas é verdade que nós precisamos criar alternativa. Então, antes de acabar, você precisa oferecer à humanidade uma opção. A participação na Opep é para a gente discutir com a Opep a necessidade investirem um pouco do seu dinheiro para ajudar os países pobres do continente africano, da América Latina, da Ásia.”

Outro assunto levantado pela imprensa foi a atual situação de conflito entre a Guiana e a Venezuela, que está reivindicando território do vizinho.

“Conversei por telefone com o presidente da Guiana duas vezes. O Celso [Amorim, assessor especial da Presidência] já foi na Venezuela conversar com o [Nicolas] Maduro [ditador da Venezuela]. Tem um referendo, que provavelmente vai dar o que o Maduro quer, porque é um chamamento ao povo para aumentar aquilo que ele entende que seja o território dele. E ele não acata o acordo que o Brasil já acatou”, disse.

“Só tem uma coisa que a América do Sul não está precisando agora: confusão. Se tem uma coisa que precisamos para crescer e melhorar a vida do nosso povo é a gente baixar o facho, trabalhar com muita disposição de melhorar a vida do povo e não ficar pensando em briga. Não ficar inventando história. Espero que o bom senso prevaleça do lado da Venezuela e do lado da Guiana.”

Quanto ao acordo União Europeia-Mercosul, Lula disse que já sabia que a França tinha uma posição mais protecionista. Durante a COP28, o presidente francês Emmanuel Macron disse ser contra as negociações.

“Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul”, disse Lula.

“Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais. E nós queremos ser tratados com respeito de países independentes. Vamos ver como vai acontecer na sexta-feira [dia 8]. Se não tem acordo, pelo menos vai ficar patenteado de quem é a culpa de não ter acordo”, finalizou.

No início da entrevista, Lula lembrou que a COP30 será realizada em Belém do Pará. “Eu alertei as pessoas para que ninguém fique imaginado que vai ser possível repetir uma COP como essa, com esse luxo, essa riqueza. Não é possível fazer isso em outro país, a não ser que seja outro país árabe ou quem sabe no Principado de Mônaco”, afirmou.

“Mas nós vamos fazer uma COP com a cara do Brasil, num estado amazônico que vai ser a grande novidade. Se a gente não vai ter o palácio que tem aqui para fazer uma reunião, a gente pode fazer embaixo da copa de uma árvore e discutir assuntos numa canoa num igarapé. Essa vai ser a nossa COP, no Brasil, em 2030.”

Diário de Pernambuco

Postado em 4 de dezembro de 2023