Presidente da Enel Brasil deixa cargo; empresa anuncia substituto

Vinte dias após um apagão em São Paulo, a Enel Brasil anunciou hoje que o presidente da companhia, Nicola Cotugno, deixou o cargo.

O que aconteceu
A companhia esclareceu que a saída de Cotugno foi definida em reuniões de Conselho das distribuidoras e da Enel Brasil em outubro. A empresa é alvo de críticas por apagões que deixaram milhões de clientes sem luz.

Nicola Cotugno esteve à frente da companhia nos últimos cinco anos e agora deixa o grupo para se aposentar, informou a empresa. “A Enel Brasil agradece a Nicola Cotugno por toda dedicação ao grupo e seus colaboradores, além do destacado foco nos clientes e contribuição à sociedade”, disse a companhia em nota enviada à imprensa.

Antonio Scala, executivo com 18 anos de trajetória à frente de diversas áreas na Enel, foi indicado como novo Country Manager da Enel Brasil.

O presidente do Conselho de Administração, Guilherme Gomes Lencastre, assumirá a posição de forma interina. Ele ficará no comando da companhia até que sejam concluídos os trâmites administrativos necessários para nomeação de Antonio Scala.

A presidente da CPI da Enel na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), deputada Carla Morando (PSDB), disse que vai pedir à Justiça o bloqueio do passaporte de Cotugno. “A fim de que não saia do país, e bloqueio de bens também! Lutamos pelos direitos da população que sofre diante do descaso da Enel!”.

Apagões e críticas
Milhões de domicílios paulistas esperaram por dias para ter a luz reestabelecida. A crise teve início no dia 3 de novembro e levou à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal de São Paulo. Mais de 2 milhões de pessoas ficaram sem energia após a forte chuva com rajadas de ventos que atingiu São Paulo.

No dia 16 de novembro, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que pediu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que cancele o contrato de concessão com a Enel.

Nunes elencou problemas que a prefeitura tem enfrentado com a Enel, e não apenas os recentes apagões na cidade. A multinacional assumiu o fornecimento de energia na capital e em 23 municípios da Grande São Paulo em 2018.

“Não é só por conta dessas chuvas que aconteceram no dia 3 de novembro”, afirmou Nunes. “A gente já vinha há muito tempo discutindo com a Enel uma série de questões.”

Em depoimento à CPI da Enel na Alesp, Nicola Cotugno foi questionado sobre a declaração do prefeito e preferiu não comentar. “Eu não quero comentar essa declaração que não escutei”, disse. “Acho que é correto por minha parte deixar para momento futuro [comentar] porque não tenho como examinar as palavras e o contexto. Vamos analisar e abrir as discussões que pertencem a esse caso.”

O governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), aplicou por meio do Procon uma multa de R$ 12,7 milhões à Enel pela interrupção prolongada do serviço. Alguns imóveis chegaram a ficar quatro dias sem luz

Quem é Antonio Scala

Antonio Scala entrou na Enel em 2009 como responsável de gestão de risco para Gerenciamento de Energia na Itália. Ele também atuou como responsável de Desenvolvimento Industrial e de Serviços de Energia para o mercado residencial no país.
Em seguida, ocupou a função de chefe de Planejamento e Controle de Global Trading e liderou a Enel Green Power na América do Sul.

O executivo é formado em Administração de Empresas e atuou como sócio júnior na McKinsey & Company com foco nas áreas de energia, gás e finanças corporativas.

UOL

Postado em 24 de novembro de 2023