Mesmo após delação, Élcio Queiroz irá a júri popular pela morte de Marielle

Mesmo com o acordo de delação premiada, o ex-policial militar Élcio Queiroz vai ser levado a júri popular pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A informação é do Ministério Público do Rio.

Na colaboração firmada com o MP e a Polícia Federal, Élcio confessou que dirigiu o carro usado no ataque, confirmou que o policial reformado Ronnie Lessa fez os disparos e apontou a participação de Maxwell Simões Corrêa, preso na segunda-feira (24).

Um depoimento da esposa de Ronnie Lessa à Polícia Federal também ajudou a desmentir a versão que era apresentada pela defesa do marido. Elaine Lessa disse que o Ronnie e Élcio não estavam na casa dela na noite do crime e que Ronnie chegou só quando já estava quase amanhecendo.

Na denúncia do Ministério Público, os promotores descrevem os acusados como pessoas frias, calculistas e cruéis, desprovidas de sensibilidade moral e sem mínima compaixão humana.

Os detalhes fornecidos por Élcio foram fundamentais para elucidar toda a preparação dos envolvidos, a execução do crime e a ocultação de provas. Parte da delação segue sob sigilo e será usada na nova fase de investigação, que agora tenta descobrir os mandantes e as motivações.

Segundo Élcio, um sargento da PM foi o responsável por intermediar a ordem para Ronnie Lessa matar Marielle. Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, foi morto em 2021.

Ainda de acordo com a delação, a submetralhadora MP5 usada no crime foi desviada do Batalhão de Operações Especiais da PM. Élcio conta que Ronnie afirmava ter jogado a arma no mar, mas ele desconfiava da versão.

Élcio ainda detalhou o momento da execução e disse que, mesmo com o uso de silenciador, o barulho provocado pela rajada de tiros foi alto.

O ex-bombeiro Maxwell Simões foi transferido para Brasília na terça-feira (25). A Justiça do Rio determinou a transferência para um presídio federal. Por causa da chegada de Maxwell, o ex-policial militar Élcio Queiroz, delator do caso, vai ficar no Complexo Penitenciário da Papuda, também em Brasília.

Apontado como responsável pela milícia que atua em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, Maxwell é acusado de monitorar a rotina de Marielle e ajudar no sumiço das cápsulas de munição, do carro usado no crime e das placas clonadas dele. Segundo as investigações, ele já participava da preparação da execução pelo menos seis meses antes. Além disso, o ex-bombeiro também era o motorista do carro em uma tentativa frustrada de matar a vereadora, ocorrida em 2017.

BAND

Postado em 26 de julho de 2023