A rede de varejo Marisa anunciou nesta terça-feira (8) que acatou a renúncia de dois altos executivos da empresa e a contratação de duas assessorias para sanar as finanças da varejista.

Em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informa que o diretor-presidente, Adalberto Pereira Santos, e do membro do Conselho de Administração Marcelo Adriano Casarin, deixarão a empresa.

Pereira Santos era presidente da companhia desde março do ano passado — menos de 1 ano, portanto. O processo de seleção do novo diretor-presidente já foi iniciado. O cargo será ocupado de forma interina pelo atual vice-presidente comercial, Alberto Kohn de Penhas.

Além disso, o comunicado diz que o Conselho de Administração da Marisa está tomando as medidas necessárias para a nomeação do novo membro para a cadeira ocupada por Casarin até a Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária da companhia a ser realizada em abril.

Crise financeira
A Marisa é uma das maiores redes de moda feminina e lingerie do Brasil, mas desde o início dos anos 2010 passa por uma longa crise financeira. Com foco na classe média, a empresa apertou as margens para manter preços baixos e deixou de inovar.

Dali em diante, a Marisa teve que lidar com a redução de qualidade dos produtos e a perda de poder de compra dessa fatia da população. As contas passaram a não bater. Apenas em 2016, a família Goldfarb, fundadora da rede, deixou a gestão da empresa para dar lugar a um executivo de mercado.

Ainda assim, as recessões de 2015 e 2016 somadas à pandemia de Covid-19 apertaram as finanças do público em geral e limitaram o avanço de empresas varejistas. De acordo com o balanço financeiro do 3º trimestre do ano passado, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 202 milhões nos nove meses de 2022, e acumula uma dívida líquida de R$ 566 milhões.

Os resultados ruins e a falta de perspectiva de mudança levaram as ações da varejista da casa dos R$ 27 em 2013 para pouco mais de R$ 1 nos dias de hoje.

É neste contexto que a companhia, com mais de 70 anos de história, informou ainda que contratou a BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento financeiro e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos.

Com as mudanças, a diretoria e o colegiado da rede de varejo conhecida por vender produtos voltados ao público feminino continuarão sob a gestão de homens.

G1