‘I Have a Dream’: discurso de Luther King completa 60 anos, mas igualdade continua distante nos EUA

O aniversário oficial do discurso de Martín Luther King Jr. é comemorado nesta segunda-feira (28). Para marcar a data, Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris convidaram todos os filhos de King, assim como os organizadores sobreviventes da marcha original, para uma recepção comemorativa no Salão Oval, nesta segunda-feira. No último sábado (26), cerca de 200 mil pessoas se reuniram no Lincoln Memorial, em Washington D.C., a capital americana.

No dia 26 de agosto de 1963, Martin Luther King. Jr. disse ao mundo que tinha o sonho de ver o fim da segregação racial em seu país, em seu discurso mais famoso, “I have a dream”

O sonho de Martin Luther King Jr foi realizado parcialmente, já que o reverendo e ativista pelos direitos civis foi assassinado em um atentado, cinco anos depois.

“Sessenta anos atrás, Martin Luther King falou sobre um sonho. Sessenta anos depois, somos os sonhadores”, disse o ativista dos direitos civis Rev. Al Sharpton, que lidera a Rede de Ação Nacional, um dos grupos que organizaram a manifestação.

Mas, em um dos discursos proferidos no evento, Arndrea Waters King, nora de Martin Luther King Jr., lembrou que o sonho que seu sogro tinha em 1963 ainda está distante da realidade. Em suas palavras, o evento não se tratava de uma comemoração, mas uma “continuação” da visão de King.

Durante as cinco horas de evento, os oradores salientaram a prevalência de abusos dos direitos civis e pediram o fim do ódio e da intolerância. Entre eles: o racismo sistêmico, o discurso de ódio, os crimes de ódio, a brutalidade policial, a violência armada, a pobreza, e a perda do direito de voto, além do retrocesso dos direitos reprodutivos desde a anulação do direito ao aborto.

Ainda que em termos de público a dimensão tenha sido menor do que a multidão reunida em 1963, um dos detalhes destacados pela imprensa local foi o aumento no número de oradoras mulheres. Na marcha original, apenas uma mulher teve acesso aos microfones.

Na tentativa de concretizar algumas das reivindicações, vários líderes que ajudaram a organizar a marcha se reuniram com o procurador-geral Merrick Garland e a procuradora-geral assistente Kristen Clarke na sexta-feira (25). O objetivo foi discutir diversos temas e pedir providências em assuntos como violência policial e direito de voto.

A repercussão do crime de ódio de Jacksonville
A morte de três negros sábado (26), na cidade de Jacksonville, na Flórida, repercutiu no evento. Martín Luther King III fez questão de traçar um paralelo entre a atrocidade de sábado na Flórida e o atentado à bomba feito a uma Igreja Batista em Birmingham, no Alabama, que vitimou quatro meninas negras. Esse ataque ocorreu duas semanas após a marcha de Washington de 1963.

“Ontem vimos o ódio. Infelizmente, demonstrou onde estamos em comparação com 1963, e a resposta é – não muito longe”, declarou o filho do ativista em entrevista à CNN. O atentado à Igreja Batista em Birmingham no Alabama ocorreu apenas duas semanas depois da Marcha de Washington.

Um ano depois, manifestantes pelo direito ao voto foram brutalmente espancados enquanto cruzavam a ponte Edmund Pettus, nas proximidades de Selma.

G1

Postado em 28 de agosto de 2023