Fitch melhora classificação de risco do Brasil e eleva rating de ‘BB-‘ para ‘BB’

A agência de classificação de risco Fitch anunciou hoje, 26, que elevou o rating soberano do Brasil, de BB- a BB, com perspectiva estável. Segundo a agência, a mudança reflete “um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado”, em meio a “choques sucessivos em anos recentes”, com políticas proativas e reformas que têm apoiado isso.

Há pouco mais de um mês a Standard & Poor’s já havia feito um movimento de revisão das notas do Brasil. Na ocasião, a agência alterou a perspectiva de rating do Brasil de estável para positiva, o que não ocorria desde 2019. Rating é uma nota dada a países emissores de títulos em relação a capacidade de pagamento de cada um.

No comunicado da Fitch, ela cita também a “expectativa de que o novo governo trabalhará por mais melhoras”. Mesmo em meio a “tensões políticas” desde o rebaixamento de 2018, o Brasil alcançou “progresso” em reformas importantes para lidar com “desafios econômicos e fiscais”, considera a Fitch.

Apesar de o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva promover um distanciamento da agenda econômica liberal de governos anteriores, a agência espera “pragmatismo” e que freios e contrapesos institucionais mais amplos impeçam desvios “radicais” nas frentes macro e microeconômicas.

A Fitch argumenta que a posição fiscal do País se deteriora em 2023, após melhora anterior, mas ela espera que as novas regras fiscais e medidas tributárias ancorem uma “consolidação gradual”. Ela projeta ainda que a relação entre dívida e PIB do País cresça, mas a um ritmo mais lento e de um ponto de partida muito melhor que o antes previsto.

A agência vê os ratings do Brasil apoiados por “sua economia grande e diversa”, renda per capita elevada, e por mercados domésticos arraigados e um grande colchão financeiro, que apoiam a flexibilidade do financiamento soberano e sua parcela elevada de dívida em moeda local”.

O comunicado diz ainda que os ratings são apoiados por capacidade de absorver choques, baseada por um câmbio flexível, reservas internacionais “robustas” e uma posição de credor externo líquido soberano. Por outro lado, eles são contidos pela alta dívida do governo, pela rigidez fiscal, pelo potencial de crescimento “fraco” e por métricas de governança “relativamente baixas”.

Junto com a elevação do rating, a Fitch reviu a previsão de crescimento do Brasil em 2023 de 0,7% para 2,3%. A explicação é que a atividade econômica segue amparada pelo bom volume de produção agrícola, pelo mercado de trabalho aquecido, pelo crescimento do crédito e pelos gastos do governo.

Esses fatores agem em contraponto ao resfriamento do consumo causado pela política monetária restritiva, diz a agência.

Para 2024, a previsão da Fitch é de que o ritmo de crescimento do Brasil diminua para 1,3%, dada a expectativa de normalização da produção agrícola, e nos anos seguintes a projeção é de que a taxa de expansão da economia convirja a 2,0%.

A agência apontou que o governo espera um crescimento de 2,6% para a economia brasileira no médio prazo, mas considera que “ainda não está claro se será possível avançar com uma agenda econômica suficientemente potente” para alcançar este objetivo.

TERRA

Postado em 26 de julho de 2023