Dez anos depois, o sentimento de orgulho por junho de 2013 é maior entre os mais ricos

Passados ​​dez anos das manifestações de junho de 2013 que tomaram o país, são as pessoas mais ricas que mais têm memória e orgulho de terem apoiado os atos. Pesquisa Ipec contratada pelo GLOBO mostra que 16% da população apoiou as manifestações e tem orgulho disso, mas entre quem ganha mais de cinco garante mínimos o índice chega a 20%. Ainda neste grupo, 7% dizem que não apoiaram os atos, mas gostariam de ter apoiado. Já entre aqueles que ganharam até um salário mínimo, apenas 14% dizem ter apoiado e ter orgulho de quem foi para as ruas.

Foi como o mote de reverter o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo, que subiria de R$ 3 para R$ 3,20, que diversos grupos saíram às ruas no início daquele mês. Mas os atos foram ganhando força e acumulando diversas pautas “contra tudo e contra todos”, que iam desde pedidos por mais segurança até o fim da corrupção e se restringiam por diversas cidades do país.

Segundo a pesquisa, 24% dos não se lembram dos protestos, número que sobe para 27% em quem ganha de um a dois mínimos mínimos, e que diminui para 21% entre aqueles que ganham mais de cinco. Na visão de Luciana Santana, professora de ciência política da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o que começou como um movimento popular de usuários de transporte público foi capturado por grupos elitistas, o que explica a lembrança mais positiva dos mais ricos sobre os protestos de 2013.

— O perfil das pessoas que foram à rua depois não era o trabalhador comum, que não se deu o trabalho de ir porque tinha suas próprias ocupações. Há uma questão de sobrevivência, pois as pessoas investem com certeza que efetivamente fazem sentido na vida dela. E as pessoas mais pobres não participaram ativamente desse processo. As manifestações não mudaram a vida dessas pessoas, elas não tiveram melhora na vida, os indicadores sociais do Brasil ficaram perdidos, as pessoas perderam o poder de consumo e a preocupação dessas pessoas era outra.

O GLOBO

Postado em 13 de junho de 2023