Campeãs do mundo pela Espanha prometem não voltar à seleção enquanto dirigentes atuais estiverem no cargo

Numa carta assinada por 81 jogadores espanhóis – entre elas Jenni Hermoso e todos os outros 22 campeões do mundo pela seleção -, os atletas reagiram com indignação à condução do episódio durante o beijo forçado do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales na boca da atacante durante a premiação do Mundial, na Austrália. No que parece ser o novo ápice desta crise, eles prometeram não atender mais às convocações enquanto os dirigentes atuais permanecessem no cargo.

“Depois de tudo o ocorrido durante a entrega das medalhas do Mundial Feminino, queremos manifestar que todas as jogadoras que assinam este texto não voltarão a uma convocação da seleção se os dirigentes atuais permanecerem”, dizem as atletas na carta que leva o selo da FUTPRO , uma associação de jogadores profissionais, que representa uma classe no país.

A permanência de Rubiales no cargo e seu discurso afirmando que o beijo do último domingo fora consentido e que o “falso feminismo” era o culpado pela repercussão negativa do episódio foram a gota d’água para as jogadoras. Na carta, elas se disseram perplexas com a fala do dirigente e reafirmaram seu apoio a Hermoso. A atacante voltou a negar ter dado permissão para o gesto que marcou a premiação da Copa Feminina.

“A vista da manifestação realizada pela presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Jennifer Hermoso quer desmentir categoricamente que consentiu o beijo dado por D. Luis Manuel Rubiales Béjar na final da Copa do Mundo. ‘Quero esclaerecer que tal e como se viu nas imagens em nenhum momento consenti o beijo que me foi dado, e obviamente em caso nenhum procurei alcançar o presidente. Não tolero que coloquem em dúvida minha palavra e muito menos que inventem palavras que eu não disse'”.

Os jogadores aproveitaram para pedir por mudanças estruturais que garantissem mais segurança a elas no ambiente do futebol espanhol. Apesar da conquista do título na Austrália, a caminhada da seleção ficou marcada pela crise entre o elenco e o técnico Jorge Vilda, denunciado por assédio moral. Ele esteve presente no discurso de Rubiales e o aplaudiu no fim . O treinador da equipe masculina, De La Fuente, também assistiu à fala do dirigente e bateu palmas.

“Os jogadores da seleção espanhola, atuais campeãs do mundo, esperam respostas contundentes dos poderes públicos para que ações como a ocorrida não fiquem impunes. Queremos terminar este comunicado pedindo mudanças estruturais reais que ajudem a seleção principal a seguir crescendo para poder repassar este grande Nos enche de tristeza que um fato tão inaceitável está conseguindo manchar o maior sucesso esportivo do futebol feminino espanhol”.

O GLOBO

Postado em 26 de agosto de 2023