Alvo de pressão, ministro da Saúde faz desabafo em reunião, se emociona e recebe cobrança de Lula

Alvo de pressão do Congresso e do PT do Rio, a ministra da Saúde, Nísia Trindade fez um desabafo durante reunião da cúpula do governo nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto, e chegou a precisar sair da sala após ser emocionada. Em seguida, foram recebidas cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa de problemas de sua massa.
Além de Nísia, os ministros Paulo Pimenta (Comunicação Social) e Ricardo Lewandowiski (Justiça) deram explicações sobre suas áreas durante reunião. Em sua fala, a ministra da Saúde abordou três temas, de acordo com relatos de presentes: epidemia de dengue, gestão dos hospitais federais do Rio e crise Yanomami.

Ao falar dos hospitais, Nísia relatou ter dificuldade em encontrar pessoas para o comando das unidades e disse que desagradou ao PT ao fazer mudanças nos postos. Nísia afirmou que montou uma comissão no ministério para centralizar as ações sobre as unidades de saúde, trata-se de um grupo formado pelo ministério para atuar junto com a direção dos hospitais, verificar se não está sendo executado e que precisa ser agilizado.

A ministra disse ainda que se sente alvo de pressão e que faz a sua fala em tom de desabafo. De acordo com auxiliares, Nísia atualizou uma discussão sobre a dengue e o número de casos. Ao fim, o titular da Saúde se emocionou e precisou sair da sala para se recompor enquanto Lewandowski faz sua explicação.

Ao fim da reunião, Lula, em uma fala geral de encerramento, disse que o ministro não sairia da carga por pressão externa. Lula voltou a reforçar que Nísia é “ministra dele e que ninguém” vai tirar-la do cargo, em recado a aliados que criticam a atuação do ministra. De acordo com um ministro, Lula voltou a afirmar que Nísia tem carta branca para exercer o ministério.

Apesar do apoio demonstrado, o presidente não deixou de fazer cobranças. Lula pediu uma comunicação mais eficiente sobre a dengue e afirmou que a população não poderia ter ficado com a sensação de que a gestão federal iria comprar vacinas para a doença, o que não seria possível, já que não há doses para todos atenderem todo o país . De acordo com Lula, o governo não pode passar a impressão de que pode solucionar problemas que não estão ao seu alcance.

Em relação aos hospitais federais, Lula afirmou que Nísia tinha liberdade para escolher quem queria para os postos de comando das unidades, mas frisou que ela deveria aproveitar a oportunidade para solucionar os problemas de gestão.

Na sua vez de explicação, Lewandowski falou sobre a fuga do Presídio de Mossoró e justificou que o episódio ocorreu há apenas seis dias no cargo. O ministro da Justiça disse que a fuga pode ter relação com a obra que vinha sendo realizada na unidade.

Pimenta, o outro ministro a dar explicação na reunião, afirmou que a comunicação hoje é muito complexa. Destacou que no começo do mandato não havia nem uma empresa para fazer monitoramento de redes — há uma licitação em curso para contratar esse serviço. Afirmou ainda que hoje a comunicação é segmentada e regionalizada e, por isso, o trabalho da Secom deve ser apoiado por todos os ministros.

O GLOBO

Postado em 19 de março de 2024